05/05/2022

ARQUIDIABO BELFAGOR - Niccolò Machiavell1

 

FÁBULA DO ARQUIDIABO BELFAGOR Niccolò Machiavell1

1. Lê-se nas antigas memórias das coisas florentinas, que um santíssimo homem que vivera naqueles tempos e cuja vida havia sido celebrada por seus contemporâneos, absolto em suas orações, teve a visão de infinitas almas de miseráveis mortais que morreram na desgraça de Deus. Caminhando para o inferno, todas elas ou a sua maior parte deviam sua triste sorte por haver se casado com mulher, que a tanta infelicidade os conduzira.

2. Assim é que, Minos e Radamanto, juntamente com outros juizes infernais se maravilharam daquelas coisas. E não podendo crer naquelas calúnias contra o sexo feminino, mas vendo crescer todos os dias a dita querela, deram o conveniente relato a Plutão. Sem mais, foi deliberado por Ele que sobre esse caso todos os príncipes infernais deveriam proceder a um exame maduro e destacar depois a ação que fosse mais ajuizada para desvendar aquela falácia ou conhecer de todo a verdade.

3. Dirigindo-se-lhes em concílio, assim falou Plutão: Ainda que eu, meus caríssimos, possua este reino pela disposição celeste e pela sorte fatal irrevogáveis, e não podendo ser obrigado a nenhum juízo celeste ou mundano, em razão disso penso que devemos agir com maior prudência, submeter-nos a maior estima da lei e estimar ainda mais o juízo. Por isso, deliberei ser aconselhado por vocês, neste caso, o qual pode nos atingir com a infâmia.

4. Quando todas essas almas de homens vêm ao nosso reino, dizendo-se vítimas de suas mulheres, parece impossível. Mas se pensarmos em dar ouvidos a essas questões, poderemos ser caluniados como excessivamente crédulos e, se não dermos, podem nos acusar de relapsos e pouco amantes da justiça. E porque, de um lado pecaríamos por leviandade e por outro por injustiça, e querendo fugir dessas imagens por todos os modos, aqui nos encontramos, aconselhando-nos, e ajudando este reino a permanecer sem infâmia em seu passado, como em seu futuro.

 5. Pareceu a todos os príncipes que o caso era importantíssimo e de grande consideração, concluindo todos pela necessidade de descobrir-se a verdade. Entretanto, as maneiras pelas quais deveriam investigar eram discrepantes. A alguns parecia necessário enviar-se alguém ao mundo mortal, sob a forma de um homem, para conhecer pessoalmente a verdade; a muitos outros ocorria poder fazer-se sem tanto esforço, apenas submetendo algumas almas a ferozes torturas de modo a descobrir-se a verdade. Contudo, a maioria aconselhou o envio de um observador. E não se encontrando alguém que, voluntariamente, empreendesse aquela tarefa, deliberaram que a sorte fosse lançada. E a missão coube ao arquidiabo Belfagor, que recentemente caíra do céu, de sua antiga posição de arcanjo.

1 Tradução do original italiano “La favola Di Belfagor Arcidiavolo”, por Marcos H. Camargo. 2

 6. Mesmo que mal quisesse suportar tal encargo, constrangido pelo império de Plutão, Belfagor dispôs-se ao que havia sido determinado pelo concílio, obrigando-se às condições solenemente deliberadas, as quais foram: o arquibiabo deveria partir imediatamente para o cumprimento de sua missão; a ele seria destinada a quantia de cem mil ducados, que com os quais deveria ir ao mundo dos mortais, sob a forma de um homem, casar-se com uma mulher e viver com ela dez anos. Depois desse período, fingindo morrer, deveria retornar àquela assembléia infernal e relatar a seus superiores os cuidados e os incômodos do matrimônio.

 7. Também foi dito que durante seu tempo sobre a terra, Belfagor seria submetido a todos os dissabores e males que são suportados pelos homens, como a pobreza, o cárcere, a doença e todos os demais infortúnios que incorrem os homens, podendo livrar-se deles apenas com sua astúcia e malícia.

8. Estabelecidas as condições e o dinheiro, Belfagor vem ao mundo. Seguido de sua comitiva de cavalos e companheiros infernais, entrou honoravelmente em Florença, cidade que todos elegem por seu domicílio, porque parece mais apta a sustentar os que exercem as artes usurárias.

9. O arquidiabo fez-se chamar de Rodrigo di Castilla e alugou uma casa no Borgo d`Ognisanti. E porque não podiam conhecer sua real condição, Rodrigo disse pertencer a um pequeno lugarejo de Espanha e, vindo a Soria, depois em Aleppe, fez fortuna e partiu para a Itália, tomar uma mulher como esposa em lugar mais civilizado, conforme seu desejo.

 10. Rodrigo era um homem belíssimo e aparentava cerca de 30 anos. Em poucos dias demonstrou haver uma riqueza abundante, dando exemplo dela em gestos humanos e de grande liberalidade. Assim muitos cidadãos nobres que tinham muitas filhas e pouco dinheiro passam a oferecê-las em matrimônio. Entre todas elas, Rodrigo elegeu uma belíssima mocinha de nome Onesta, filha de Americo Donati, que tinha outras três filhas e três filhos. Embora fossem de nobilíssima família, tendo em Florença um bom nome, haviam empobrecido muito.

11. A festa de núpcias foi magnífica e esplendorosa, não faltando nada daquilo que se encontra em tais ocasiões. E aproveitando-se de todas as paixões humanas que lhe foram permitidas ao sair do inferno, rapidamente Rodrigo abraçou-se aos prazeres da honra e pompa do mundo, rejubilando-se de estar entre os seres humanos.

12. Em pouco tempo, Rodrigo apaixonou-se por sua esposa Onesta e não podia sequer respirar quando a via triste ou experimentando algum desprazer. Porém, a senhora Onesta havia trazido para a casa de Rodrigo, não apenas nobreza e beleza, mas uma soberba que o arquidiabo não havia visto nem em Lúcifer. Rodrigo, que tinha provado das duas soberbas, achava a de Onesta muito superior.

 13. Entretanto, a soberba de Onesta acabou por crescer ainda mais com o tempo. Primeiramente, a esposa assenhorou-se do amor que seu marido lhe ofertava e sem qualquer piedade ou respeito passou a comandá-lo e nem titubeava em achacar com desprezo tudo aquilo que Rodrigo considerava estimável. Além disso, o sogro, os 3 cunhados e a parentela toda eram obrigações do matrimônio que, por amor, Rodrigo suportava com paciência.

14. Mas, para estar bem com sua esposa amada, Rodrigo a cobria de novos vestidos e jóias, e se fazia pródigo ajudando ao sogro com muito dinheiro para fazer casar suas outras filhas. Depois disso, ainda se esforçando para contentar a esposa, enviou um de seus irmãos para mercadejar tecidos no Oriente, e despachou outro irmão com mercadorias diversas para o Ocidente, abriu um negócio em Florença para o terceiro cunhado, assim despendendo a maior parte de sua fortuna.

15. Na época de Carnaval e das festas de São João, por costume antigo, todos os nobres cidadãos de Florença honravam seus convidados com festas esplendorosas. Assim, não querendo ver Onesta sentir-se inferior aos demais de sua classe, Rodrigo mandava realizar todos os anos a festa mais importante e mais cara, que a todos superasse.

 16. Rodrigo fazia tudo para suportar a situação. A quase tudo perdoava e relevava, mesmo que fosse grave, tão somente para obter um pouco de paz em sua casa, esperando contrito o tempo de sua ruína. Mas, pelo contrário, as despesas insuportáveis e a insolente natureza de sua esposa lhe causavam incômodos terríveis. Os serviçais não ficavam muito tempo, porque não agüentavam o gênio de Onesta, causando muitos dissabores a Rodrigo, que não podia convencer ninguém a permanecer a seu lado, inclusive os outros diabos que lhe acompanharam em sua missão, disfarçados de seus parentes. Esses pobres coitados retornaram ao inferno, preferindo as chamas de Plutão, que viver sob o império de Onesta.

 17. Vendo-se em uma vida inquieta e tumultuada, e percebendo que suas despesas desordenadas já lhe haviam consumido quase toda sua fortuna, alimentou as esperanças de que seus cunhados voltassem do Oriente e Ocidente com lucros. Tendo feito bom nome, resolveu utilizar-se de seu crédito pegando dinheiro emprestado daqueles que trabalham no mercado.

 18. Contudo, notícias do Oriente e do Ocidente davam conta de que um dos irmãos de Onesta havia perdido todo o dinheiro de Rodrigo no jogo, enquanto o outro havia perdido toda sua mercadoria em um naufrágio, sem ter contratado um seguro para elas. Essas informações rapidamente chegaram aos credores de Rodrigo, que resolveram unir-se e vigiá-lo para garantir o pagamento de suas dívidas vincendas.

 19. Rodrigo, de sua parte, não vendo remédio para seu problema, e conhecendo as limitações impostas pelas condições infernais a que estava submetido, pensou em fugir a qualquer custo. Em uma manhã, montado a cavalo, o arquidiabo escapou pela Porta al Prato. Logo após, o rumor de sua fuga chegou aos credores, que acionaram os juizes que, por sua vez colocaram a milícia em perseguição do acusado.

20. Ao perceber que estava sendo seguido de perto, ainda próximo da cidade, resolveu sair da estrada rumo aos campos, em busca de um pouco de sorte. Mas, fazendo isso, não teve como seguir a cavalo, pondo-se a correr a pé. De campo em campo, cobertos de vinhas e sorgos, chegou a Peretola, em casa de Gianmatteo del Brica, servo de Giovanni del Bene. Por sorte, encontrou Gianmatteo chegando em sua 4 casa depois de cuidar das vacas. Rodrigo pediu para que Gianmatteo o ajudasse a se salvar de seus inimigos, que o queriam fazer morrer na prisão e prometeu ao homem em troca, que o faria rico. Gianmatteo, embora campesino, era homem inteligente, e julgando não poder perder a oportunidade de tomar partido da situação, logo escondeu Rodrigo debaixo de um monte de seixos que havia em frente a sua casa. Tão logo o esconderijo fora ocupado chegaram os perseguidores numa turba, questionando Gianmatteo sobre um estranho que por ventura passara por ali. Em vão, procuraram por Rodrigo nas redondezas, mas não o achando, retornaram a Florença.

21. Passada a confusão, Gianmatteo ajuda Rodrigo a sair do buraco e em seguida lhe cobra a promessa feita. Sem delongas, Rodrigo disse ao campesino: "Meu irmão, eu tenho contigo uma grande dívida e quero por todos os modos resgatar-lhe, principalmente porque você acreditou que eu podia fazê-lo. E mais, eu lhe direi também quem sou." Assim, Belfagor, que se passava por Rodrigo, narrou toda sua desventura, quem de fato era, das leis infernais a que estava submetido e de sua mulher. Disse ainda, como pretendia ajudá-lo. O plano era o seguinte: quando Gianmatteo ouvir dizer que alguma moça estava possuída pelo demônio, deveria saber que era ele, BelfagorRodrigo, estava atormentando a pobre alma. Daquele corpo, ele não sairia enquanto Gianmatteo não ordenasse. Essa era a oportunidade para que o campesino fizesse uma fortuna com o pagamento pelo exorcismo. Acertou com Gianmatteo os outros detalhes e desapareceu.

22. Não se passaram muitos dias quando se espalhou por Florença a notícia de que a filha de Ambruogio Amidei, casada com Banaiuto Tabalducci, estava endemoniada. Não faltaram os parentes a fazer inúmeros remédios, como se fazem nesses casos, colocando em sua cabeça a capa de San Zaboni e o manto de San Giovanni Gualberto. Mas Rodrigo as fazia voar para longe. E para confirmar a todos que o mal da moça era um espírito e não uma outra fantástica imaginação, falava em latim e disputava com os sábios assuntos de filosofia e descobria os pecados alheios, dentre os quais os de um padre que havia mantido por quatro anos em sua cela, uma mocinha vestida de noviço. Aquilo tudo maravilhava a todos.

 23. Muito triste, mestre Ambruogio havia de tudo provado em vão e, por isso, perdera toda esperança de curá-la, quando Gianmatteo veio a seu encontro e lhe prometeu a saúde da filha, pela quantia de quinhentos fiorini, de modo que ele comprasse um pedaço de terra em Peretola. De pronto mestre Ambruogio aceitou o negócio. Então, Gianmatteo fez rezar uma missa e encenou sua cerimônia de abolição da moça. Disse ao ouvido do arquidiabo: "Rodrigo, eu vim lhe encontrar, porque você me disse observar sua promessa." Em resposta, Rodrigo lhe falou: "Estou satisfeito. Mas isso não basta para tornar-lhe um homem rico. Assim que eu deixar o corpo dessa moça, entrarei no corpo da filha de Carlo, rei de Nápoles, e de lá não sairei sem a sua intervenção." Dito isso, Rodrigo sai do corpo da moça causando admiração em toda Florença.

24. Não passou muito tempo sem que por toda a Itália se espalhasse a notícia sobre a pequena filha do rei de Nápoles. Sem que quaisquer remédios obtivessem a cura 5 da moça, ao rei Carlo chegou a notícia sobre Gianmatteo, e foi imediatamente requisitada sua presença naquela corte. O campesino chegou a Nápoles e com uma pequena cerimônia acabou por resgatar a moça ao demônio. Mas Rodrigo, antes de partir disse: "Veja, Gianmatteo, que eu observei as promessas de haver lhe feito riqueza. Assim, tornando-me desobrigado contigo, nada lhe devo mais. Portanto, contente-se por agora e não me persiga mais, pois da mesma maneira que lhe fiz o bem, posso lhe fazer o mal."

25. Assim, Gianmatteo retornou a Florença muito rico, porque havia recebido do rei Carlo de Nápoles a fantástica quantia de quinhentos ducados, e pensou gozar daquela riqueza pacificamente, não crendo que Rodrigo pensaria em prejudicá-lo. Entretanto, seus planos foram rapidamente desfeitos por uma notícia vinda da parte de Ludovico Sétimo, rei de França, cuja filha estava endemoniada. Aquela novidade abalou Gianmatteo, devido ao dilema que o colocava diante da autoridade daquele rei e o que Rodrigo lhe havia dito por último.

 26. E não encontrando o rei de França um remédio eficiente para sua filha, lhe chegou a informação sobre um tal Gianmatteo de Florença. O rico campesino alegou indisposição e evitou sua ida à França, mas o rei fez sua demanda diretamente ao governo de Florença, que acabou por obrigar Gianmatteo a atender o poderoso monarca. Portanto, desconsolado, encaminhou-se a Paris. Lá chegando, disse ao rei que se no passado havia resolvido o problema de algumas endemoniadas, não seria possível a um parvo campesino tudo sanar. Especialmente porque a natureza pérfida dos demônios muitas vezes não perece diante de ameaças, encantos e cânticos de quaisquer religiões.

 27. Diante disso, o perturbado rei disse que se Gianmatteo não curasse a sua filha, certamente ele seria preso. Assustado, Gianmatteo resolveu mandar vir a endemoniada e, falando diretamente a seu ouvido, humildemente solicitou que Rodrigo recordasse do benefício que ele lhe havia feito, evitando-lhe tanta dor e aborrecimentos. O arquidiabo disse então: "Ah! Traidor, o que planeja vindo outra vez até mim? Acredita poder escapar de minhas mãos? Eu vou mostrar a todos presentes como eu realmente sou e de tudo que sou capaz, se você não sumir da minha frente." 

28. Assim, não vendo solução à vista para seu problema, Gianmatteo resolveu tentar a sorte por outras vias. Mandou a endemoniada de volta a seus aposentos e disse ao rei: “Senhor, como lhe disse antes, há muitos espíritos malignos que com os quais não se pode entrar em acordo. Portanto, quero fazer uma última experiência. Em caso de não dar certo, vossa majestade fará de mim aquilo que sua compaixão tiver por minha inocência”.

 29. Mande, então, se fazer junto a praça de Nostre Dame um grande palco capaz de conter todos os seus barões e todo o clero desta cidade. Este palco deve ser de seda drapejada em ouro, com um altar em seu centro. Domingo, pela manhã, vossa majestade deverá aproximar-se com toda pompa e esplêndidos vestidos, juntamente com todo o clero, seus príncipes e barões, após ser rezada a missa. Assim, fará vir a endemoniada.

30. Quero, além disso, que em um dos cantos da praça fiquem ao menos vinte pessoas com trompas, cornetas, tambores e címbalos de todos os tipos. A um sinal de 6 meu chapéu, todos os instrumentos devem tocar e subir ao palco em minha direção. Juntamente com essas coisas deverei contar com remédios secretos de minha fabricação, que acredito farão fugir o espírito."

 31. De imediato, o rei mandou que fosse realizada a vontade de Gianmatteo. Ao chegar a manhã de Domingo, com o palco repleto de nobres e a praça abarrotada de populares, foi celebrada a missa e mandada trazer a endemoniada ao palco, pelas mãos dos bispos e outros senhores.

32. Quando Rodrigo viu tanta gente e tanto aparato, ficou paralisado e disse consigo mesmo: "Que coisa pensa fazer aquele poltrão? Acredita ele me expulsar com toda essa pompa? Ele não sabe que eu sou acostumado à pompa celeste e as fúrias infernais? Eu o castigarei por todos os modos."

33. Gianmatteo aproximou-se de Rodrigo e pediu-lhe que saísse, mas esse lhe disse: "Oh! Que uma bela encenação! Mas crê fazer o que com todo esse aparato? Acredita que irá fugir de minha ira e daquela do rei? Trapalhão, eu lhe farei sofrer por todos os modos." E assim, Rodrigo segue dizendo vilanias grosseiras, enquanto Gianmatteo imagina não ser possível perder mais tempo.

34. O rico campesino fez, então, o gesto com seu chapéu, provocando os instrumentos e seus músicos, que passaram a se aproximar do palco. Em razão daqueles terríveis rumores, Rodrigo alçou ouvidos para entender que coisa era aquela e, maravilhado, perguntou a Gianmatteo do que se tratava. 

35. Também aparentando agitação, Gianmatteo responde: "Oh! Rodrigo, me parece que é Onesta que vem vindo para lhe reencontrar." Ao recordar o nome de sua mulher, Rodrigo transformou seu ânimo de uma forma surpreendente. Tanto que, nem pensando se era possível ou razoável que fosse mesmo ela, sem cogitar de mais nada, todo atrapalhado, fugiu desesperadamente, deixando livre a filha do rei.

36. Rodrigo preferiu seguir ao inferno, relatar o motivo de seu retorno prematuro e enfrentar as terríveis conseqüências da desobediência à assembléia infernal, do que submeter-se novamente aos perigos do jogo matrimonial.

37. Assim, Belfagor, voltando ao Inferno, deu fé aos relatos sobre as casas comandadas por mulheres. E Gianmatteo, que soube enganar o próprio diabo, voltou feliz e mais rico para suas terras.