Seu Severino o guardador de carros
“Posso dar uma olhadinha patrão?” “O dia hoje está bom né?” “ Vai com Deus”. Assim ele aborda os motoristas que deixam seus veículos ao lado do bonito bosque em São Caetano do Sul. Apoiado por uma bengalinha, andando depressa com suas dificuldades vai de um lugar para o outro sempre sorridente falando com todo o mundo que passa perto dele.
Me encantei observando suas modestas atitudes! Nessas longas férias de Janeiro resolvi por “força maior” ficar por aqui, e o bosque é o meu refúgio para leitura de bons livros. Também paro por lá e vou me aconchegar debaixo de frondosas árvores no bosque. Passo bons momentos na prazerosa leitura, ao lado do pesqueiro, observando os passarinhos, vendo os adolescentes jogarem uma bolinha na quadra, Pais com seus filhos correndo de um lado para o outro, adolescentes e idosos fazendo suas caminhadas pelas trilhas debaixo das árvores, vou caminhando e sentindo os olores das flores que emanam desse lugar acochegante.
Entre minhas paragens na rua e outras, criei uma amizade com este senhor simpático “bom de prosa que só vendo!” Severino é natural de Pernambuco, tem cinquenta e sete anos, portador de uma deficiencia que o faz a usar sua bengalinha, fixou residência em Diadema sp, analfabeto como ele mesmo me disse, porém portador de uma fantástica experiência de vida. Toma quatro ônibus para fazer seu ponto e ganhar uns trocadinhos das bondosas pessoas. Seu benefício do INSS é pouquinho e faz essas atividades não reconhecida para ajudar no seu sustento.
Contou-me suas experiências de vida ( sempre pedindo minha permissão para que ele pudesse falar) Era açougueiro, tocava também alguns instrumentos musicais como sanfona e teclado e adora cantar suas modinhas e me diz que é de sua autoria. Numa manhã de sábado, quando o encontrei resolvi pedir sua autorização para gravar um pequeno vídeo com sua voz e ele fez prontamente. Compartilho nessa crônica este momento que muito apreciei: https://www.facebook.com/je.fereyira/videos/641170106025885/?theater
Podemos ter muitos bens nessa vida, e as vezes estamos insatisfeitos, pequenos problemas nos fazem mudar nossa fisionomia e criar muros em volta das pessoas. Aprendi que um simples bom dia, um olhar atencioso para os que cruzam nosso caminho pode mudar completamente o dia de nossos semelhantes.
Vale a pena sair do foco de atenção e alimentar outras áreas da mente com tudo aquilo que nos traz algum contentamento. Recordo-me de um sábio verso que está no livro sagrado: “Pensai nas coisas lá do alto não nas que são da Terra” Quando mudamos o foco da vida e passamos a obsevarmos a beleza que está a nossa volta, a paz e alegria vem nos encher.
Aprendi e me comprometi a procurar beleza em tudo que cruza meu caminho!