21/07/2015

POEMA DAS MÃES



                        ( Eu e mamãe em Indiaporã SP)



http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1581730
 

Mãe! hoje eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
porque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar e depois perder.
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.
Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a velha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la.

Assim parti, e nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira
e te encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.

O direito de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.
E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:''Sou eu!"

Eu bebi na taberna dos cretinos,
eu brandi o punhal dos assassinos,
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
eu fui vilão em todas as tragédias,
eu fui covarde em todas as batalhas.

Eu te esqueci: as mães são esquecidas.
Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.

Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tarde agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graças, diz:
"Meu filho!", e chora.

E chora e treme como fala e ri,
e parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.

Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro.
Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.

Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!
                                          Giuseppe Ghiaroni


 

16/07/2015

Café Ovo ou Cenoura - Adversidades





Carpe Diem" quer dizer "colha o dia". Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã.” (Rubem Alves)

ADVERSIDADES.


Ela era uma garota que vivia a se queixar da vida. Tudo lhe parecia difícil e se dizia cansada de lutar e combater. Seu pai, que era um excelente cozinheiro, a convidou, certo dia, para uma experiência na cozinha. Tomou três panelas, encheu-as com água e colocou cenouras em uma, ovos em outra e pó de café na terceira. Deixou que tudo fervesse, sem nada dizer. A moça suspirou longamente, imaginando o que é que seu pai estava fazendo com toda aquela encenação. Depois de tudo fervido, o pai colocou as cenouras e os ovos em uma tigela e o café em outra.
- O que você está vendo? - perguntou.
- Cenouras, ovos e café - respondeu ela.
Ele a trouxe mais perto e pediu-lhe para experimentar as cenouras. Ela notou como as cenouras estavam macias. Tomando um dos ovos, quebrou a casca e percebeu que estava duro. Provando um gole de café, a garota sentiu o sabor delicioso. Voltou-se para o pai, sorriu e indagou:
 - O que significa tudo isto, papai?
- É simples, minha filha. As cenouras, os ovos e o café ao enfrentarem a mesma adversidade, a água fervendo, reagiram de formas diferentes. A cenoura entrou na água firme e inflexível. Ao ser submetida à fervura, amoleceu e se tornou frágil. O ovo era frágil. A casca fina protegia o líquido interior. Com a água fervendo, se tornou duro. O pó de café, por sua vez, é incomparável. Colocado na água fervente, ele mudou a água.
Voltando-se então para a filha, perguntou-lhe:
- Como é você, minha filha? Quando a adversidade bate à sua porta, você reage como a cenoura, o ovo ou o café? Você é uma pessoa forte e decidida que, com a dor e as dificuldades, se torna frágil, vulnerável e sem forças? Ou você é como o ovo: delicada, maleável, casca fina, que se rompe com facilidade? Ao receber as notícias do desemprego, de uma falência, da morte de um ser querido, do divórcio, você se torna dura, inflexível? Quanto mais sofre, mais obstinada fica, mais amarga se torna, encerrada em si mesma? Ou você é como o café, que muda a água fervente, motivo da dor, para conseguir o máximo de seu sabor, a cem graus centígrados? Quanto mais quente a água, mais gostoso se torna o café, deliciando as pessoas com o seu aroma e sabor. Se você é como o pó de café, então, quando as coisas vão ficando piores, você se torna melhor e faz com que as coisas em torno de você também se tornem melhores.
E completou:
- A dor, em você, tem a possibilidade de torná-la mais doce, gentil, com mais capacidade de entender a dor alheia. Afinal de contas, minha filha, como é que você enfrenta a adversidade?


Como chama aqueles fios de cabelos que nascem nas orelhas?

Hipertricose auricular