LABIRINTITE E OUTRAS "ITES"
Marcos Rohfe
Acordei tonto. Ora, alguns amigos me dizem que não se surpreendem, porque normalmente sou mesmo meio tonto. Bullyings "amigos" à parte, o fato é que estou com a labirintite
atacada. A isso somam-se a rinite e a sinusite também.... E, como se não fosse suficiente, a esse
grupo medonho junta-se a tendinite nos pulsos e está pronta minha tragédia diária, já que trabalho digitando textos o dia todo.
Fico me lembrando das aulas de Língua Portuguesa, essa coisa linda... Especialmente por
conta da minha coleção de "ites". Dona Cidinha, minha professora da 7ª série (hoje conhecida como 8º ano...), nos brindando e enchendo duas lousas com listas e mais listas de sufixos e prefixos gregos e latinos. E lá estava o tímido e modesto "ite", que me ama de paixão. Esse sufixo
grego com falta do que fazer na vida.
Lembro-me dela olhando fixamente para mim (eu com o nariz sempre escorrendo por conta da coriza, causada pela rinite e sinusite), explicando que o sufixo "ite" indicava sempre uma
doença ou inflamação do órgão ou da estrutura anatômica presente no radical da palavra. No
meu caso, a infecção das narinas (rino, daí rinite) e dos seios da face (sinus, daí sinusite). Mais
tarde, eu agregaria labirintite (labirinto) à minha lista.
É estranho imaginar que temos uma estrutura em nosso corpo chamada labirinto. É o nome
dado a uma região na parte interna da orelha. É responsável pela noção de equilíbrio e da percepção da noção do corpo e tem formato de caracol. Quando era pequeno, assistindo ao Sítio
do Picapau Amarelo na tevê, me impressionava a figura do Minotauro em seu labirinto. Quando
tinha dor de ouvido (otite, olha o "ite" aí de novo) ficava matutando se não haveria algum monstro feito um Minotauro dentro da minha cabeça...
Meu amigo Edson disse que eu sofrer de labirintite é plenamente explicável, considerando
que, como libriano, vivo em constante estado de confusão mental... O que é uma bobagem,
porque, em tese, todo libriano deveria ser equilibrado, e a labirintite causa exatamente a falta
de equilíbrio.... Enfim...
Tudo isso me faz lembrar que sempre gostei das aulas de Língua Portuguesa, me encantava saber como é que as palavras eram criadas, de onde vinham, como se dava esse processo.
Saber que o latim originou o português, que continua em transformação até hoje, com contribuições de línguas como o grego ou o celta, passando pelo árabe, pelo tupi, pelo iorubá, dentre
outras... Realmente essa construção me fascina.
Mas, agora, infelizmente, preciso encarar minhas companheiras "ites" de todo dia e ir trabalhar... Fazer o quê?
#partiutrabalho.
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