O sacrifício de Nhara.
Outra lenda dos índios Caingangues é a que explica a origem do milho, Ei-la:
Nhara era um velho índio que sofria muito com a falta de alimentos com que lutava o seu povo. Resolveu então oferecer a vida a Tupã, para que, do seu sacrifício resultasse um bom alimento para os índios de sua tribo.
Chamou seus filhos e genros e mandou que eles fizessem um roçado nos taquarais e depois, os queimassem. Feito isso, ordenou que o conduzissem ao meio do roçado. Chegando ali, falou aos filhos e genros:
- Tragam cipós grossos. Quando estes lhe foram trazidos, o velho disse:
- Agora vocês amarrem os cipós ao meu pescoço, arrastem-me pela roça, em todas as direções e quando eu estiver morto, enterrem-me no centro dela e vão para o mato pelo espaço de três luas. Passado esse tempo, quando voltarem, hão de achá-la coberta de frutos que, plantamos todos os anos, livrarão vocês da fome.
Os filhos e genros de Nhara começaram a chorar dizendo que não fariam tal coisa. Mas o velho falou com energia:
- O que ordeno é para o bem de vocês; se não fizerem o que mando, viverão sofrendo e muitos morrerão de fome. Além disso, estou muito velho e cansado de viver.
Os índios choraram copiosamente, mas tiveram que cumprir a ordem de Nhara. Em seguida, foram para a floresta colher frutas. Passadas as três luas, voltaram e encontraram a roça coberta de uma planta com espigas, cheias de frutinhas douradas, a que deram o nome de milho. Quando as plantas ficaram maduras, chamaram todos os parentes e repartiram com eles as espigas.
É por essa razão que os índios Caingangues têm o costume de plantar em suas roças e irem caçar e comer frutas durante três ou quatro luas. O milho é deles; é da sua terra; não foram os brancos que o trouxeram. Deram ao milho o nome de Nhara, em lembrança do bom velhinho que tinha este nome e que, com seu sacrifício o produziu.
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