16/01/2013

Domador de mim mesmo

Ele já tinha todas as rugas do tempo, quando o encontrei pela primeira vez. Queixava-se de que tinha muito o que fazer. Perguntei-lhe como era possível que, em sua solidão, tivesse tanto trabalho...

- Tenho que domar dois falcões, treinar duas águias, manter quietos dois coelhos, vigiar uma serpente, carregar um asno e dominar um leão! - disse ele.

- Não vejo nenhum animal perto do local onde o senhor vive. Onde eles estão?

Ele explicou:

- Estes animais todos os homens têm!

Os dois falcões se lançam sobre tudo o que aparece, seja bom ou mau. Tenho que domá-los para que se fixem sobre uma boa presa. São os meus OLHOS!

As duas águias ferem e destroçam com suas garras. Tenho que treiná-las para que sejam úteis sem ferir. São as minhas MÃOS!

Os dois coelhos querem ir aonde lhes agradem. Fugindo dos demais e esquivando-se das dificuldades... Tenho que ensinar-lhes a ficarem quietos, mesmo que seja penoso, problemático e desagradável. São os meus PÉS!

O mais difícil é vigiar a serpente. Apesar de estar presa numa jaula de 32 barras, mal se abre a jaula, está sempre pronta para morder e envenenar os que a rodeiam. Se não a vigio de perto, causa danos. É a minha LÍNGUA!

O asno é muito obstinado, não quer cumprir com suas obrigações. Alega estar cansado e se recusa a transportar a carga de cada dia. É o meu CORPO!

Finalmente, preciso dominar o leão... Ele sempre quer ser o Rei, o mais importante. É vaidoso e orgulhoso. É o meu CORAÇÃO!

Colaboração: Bispo Márcio Carotti



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