1. Conceito
Narração é o relato, escrito ou oral, verbal ou não-verbal, real ou fictício, de um fato ou acontecimento com ação, personagem, cenário e tempo.
A narração está muito ligada ao nosso quotidiano, pois sempre temos algo a contar.
2. Elementos
Os principais elementos do texto narrativo são:
Enredo trama ou ação é a seqüência ordenada de fatos.
Narrador é quem conta a história.O narrador pode ser:
@ onipresente – quando ele é personagem, principal ou secundária, fazendo parte da trama;
@ onisciente – quando ele conta à história como observador que sabe de tudo, e não é personagem da história.
Foco narrativo é o ponto de vista por meio do qual está sendo contado o fato. A narração pode ser feita em 1ª pessoa ou em 3ª pessoa. No primeiro caso, o narrador é onipresente e no segundo, o narrador é onisciente.
Personagem(ns) – Pessoa(s) que atua(m) na narração. Pode(m) ser assim classificado(s):
@ Protagonista: personagem principal.
@ Antagonista: é o elemento que cria o clima de tensão, opondo-se ao protagonista. Dito de modo mais simples são o "mocinho" e o "bandido" ou o herói e o vilão da trama.
@ Secundário: personagem sem grande importância no decorrer da narrativa
Lugar é o ambiente, o cenário, o local, o espaço onde acontece o fato. Deve ser informado ao leitor ou ouvinte.
Tempo – A narração é marcada pelo tempo, que é necessário para o desenrolar da ação. Deve ser informado ao leitor ou ouvinte. Há tempo cronológico, quando avança no sentido do relógio e psicológico, quando é medido pela emoção da personagem.
Diálogo ou monólogo – é a fala ou pensamento do(s) personagem(ns). Devemos chamar a atenção para o modo como narrador reproduz as falas ou pensamentos das personagens, que constitui o discurso, que pode ser:
@ direto – neste caso, o narrador, após introduzir as personagens, faz as próprias personagens falaram. Pode-se perceber o que foi dito pela utilização de recursos: dois pontos, nova linha, travessão (ou aspas), ponto de interrogação (na escrita). Exemplo: Mário perguntou para a sua irmã:
-Você abe que dia é hoje?
@ indireto – o narrador diz com suas próprias palavras o que os personagens disseram ou pensaram. Pode-se perceber pelo uso do verbo no pretérito imperfeito e pela oração subordinada substantiva. Exemplo: Mário perguntou para a sua irmã se ela sabia que dia era hoje.
@ indireto livre - mescla o discurso direto com o indireto, dando a impressão de que o narrador e o personagem falam em uníssono. Não há presença de verbos de travessões, dois pontos, nem de orações subordinadas substantivas. Exemplo: "Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa." (Graciliano Ramos)
3. Esquema
A narração apresenta o seguinte esquema:
@ O quê? – o fato
@ Quem? – o(s) personagem(ns)
@ Onde? – o lugar
@ Quando?- o tempo
4. Estrutura
O texto narrativo apresenta uma estrutura:
Introdução é a apresentação dos elementos: personagens, lugar, tempo...
Desenvolvimento é a construção de uma situação-problema. Aqui acontece a complicação, têm início os conflitos entre os personagens e o clímax, que é o ponto máximo de uma narrativa, é o ápice que leva ao desfecho.
Desfecho é a solução da situação-problema e volta ao equilíbrio.
5. Tipos
Nem sempre é possível classificar um determinado texto ou obra dentro de certa modalidade narrativa. São os seguintes os tipos de narração:
Romance é a narrativa de um fato imaginário, mas verossímil que representa aspectos da vida do homem. É estruturado em capítulos. Tem muitos personagens.
Novela é curta, mas viva, mais verossímil que imaginária. Os diálogos são rápidos, as narrações diretas, tudo favorecendo para o desfecho da história.
Conto é breve, condensado, mais curto que a novela. É uma microvisão do mundo.
Crônica é uma narrativa bem curta, periódica, episódica e comunicativa sobre o que acontece no quotidiano. As personagens são definidas, apenas, quanto ao momento de ação, pouco ou nada se diz sobre elas além do que interessa ao flagrante.
Fábula é uma narrativa inverossímil de cunho didático cujo objetivo é transmitir uma lição de moral. Os personagens são animais que pensam, sentem e agem como os homens. Assim, as raposas, os leões, os pavões e os lobos caricaturam virtudes e defeitos das pessoas, simbolizando e representando os diferentes tipos: o astuto, o poderoso, o forte, o vaidoso, o exibicionista, o ingênuo...
Apólogo é igual à fábula. Difere-os apenas os personagens, que, no apólogo, são objetos.
Parábola é uma narrativa alegórica que encerra um preceito religioso ou moral, especialmente as encontradas nos evangelhos
Anedota é a narrativa com a finalidade de provocar o riso.
Notícia de jornal tem a finalidade de informar.
Tiras e histórias em quadrinhos utilizam ao mesmo tempo o código verbal e o não-verbal e o contexto extralingüístico é importantíssimo para a compreensão da linguagem.
6. Formas de narrar
@ Prosa e verso.
7. Exemplos de narrativas
Que susto!
Mardilê Friedrich Fabre
Na noite, ele caminha solitário pela calçada. De súbito, ouve passos. Caminha mais rápido sem voltar a cabeça para ver quem o segue. Os passos atrás dele também se aceleram. Quem será? Põe-se a correr. Os passos soam mais fortes e seguem o mesmo ritmo dos seus...
Ninguém na rua... Quer gritar, mas não consegue. A voz não lhe sai da garganta. Um suor gélido começa a escorrer por seu corpo, e os passos seguem-no... Não pode mais... O cansaço é demais... Precisa parar. Está ofegante. Sente que vai desmaiar na calçada. O medo toma conta de sua mente e de seu corpo. Já não suporta mais. Não pode mais correr nem caminhar.
Sente que o agarram. Chegou o seu fim. Parou paralisado e fechou os olhos. Então ouviu uma voz conhecida:
-Olá amigo! Por que foges? Eu somente queria cumprimentar-te e saber como vais. Olha-me. Não te lembras mais de mim? Conhecemo-nos há algum tempo. Por que não me esperaste?.Às vezes, vamos juntos para casa. Sou Miguel.
Ele encostou-se em uma árvore que estava próxima e desmaiou...
A raposa e as uvas
Esopo
Uma raposa morta de fome viu alguns cachos de uvas negras maduras penduradas nas grades de uma viçosa videira.
Ela, então, usou todos os seus dotes e artifícios para alcançá-los, mas acabou cansando em vão sem conseguir.
Por fim, deu meia volta e foi embora, consolando a si mesma, desapontada, dizendo:
As uvas estão estragadas, e não maduras como pensei.
Imortal paixão
Mardilê Friedrich Fabre
Na Idade Média, uma imortal paixão
uniu uma aluna e um professor.
Uma mulher não podia, então,
aos estudos voltar-se com fervor.
Um mestre, embora muito sonhador,
Precisava esconder sua afeição...
Na Idade Média, uma imortal paixão
uniu uma aluna e um professor.
Quis Deus que, depois da consumação
do amor, um fato enlouquecedor
separasse estes dois com perversão.
Abelardo e Heloísa e a dor
na Idade Média, uma imortal paixão.
8. Referências
http://www.brasilescola.com/redacao/narracao.htm
http://www.geraisnet.com.br/paula/narracao.htm
http://www.lanavision.com/walcestari/images/docs/curso_de_redacao/narracao_teoria.doc
http://kalyl.vilabol.uol.com.br/
http://www.recantodasletras.com.br/autores/mardile
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