25/02/2014

Dicas de português 10


Dicas de português


O CALO-Atividades


          – O senhor vai precisar extrair esse calo, seu Antônio.

- Mas, doutor!?

- Coisa simples! Amanhã, lá pelas oito, o senhor passa pelo hospital e num instante nós retiramos esse incômodo. Anestesia local. Não vai doer nada.

O pacato Antônio, funcionário público há trinta anos, saiu do consultório cabisbaixo e meio nervoso. "Que ideia! – Depois de vinte e dois anos, vivendo com esse calo. Meu calo de estimação! A Eusébia resolveu implicar com ele! Coisa de mulher… Logo agora que eu faria bodas de prata com o calo!?", praguejou Antônio entre dentes.

Eusébia, em casa, recebeu a notícia com satisfação. Aliás já esperava por isso. Afinal, há vinte e dois anos Antônio reclamava, dizia que o calo era o centro de seus problemas. Mas tirar o calo, tomar alguma providência, que é bom, nada. Nada mesmo.

- Graças a Deus, Antônio. Deus ouviu minhas preces.

- Tô arrependido, Eusébia!

- Arrependido!? Por quê?

- (…) O calo sempre me avisou sobre o tempo. É melhor que o Serviço de Meteorologia! Se vier chuva ele dói, uma dorzinha fina; se for calor, ele lateja e se for nublado, ele estufa. Até pensei levar o calo no programa do Sílvio Santos, você se lembra?

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

- Quer saber de uma coisa? Sempre detestei esse calo. Eu gostaria de ter um marido com pé perfeito. Perfeito, entendeu?

Assim foi. Antônio se arrumou, tomou café, não deu uma palavra com Eusébia e foi para o hospital. Algo chateado, ansioso, pois afinal de contas, havia vinte e dois anos de convivência diária com aquele calo feio, macerado, duro, mas no fundo adorável.

Antônio subia as escadas principais do hospital quando, maldito calo, a-dor-fininha-sinal-de-chuva começou. Foi a conta, Antônio tropeçou e caiu. Quebrou o calcanhar.

Uivando de dor foi levado por dois atentos enfermeiros até a sala de raio-X. Colocado numa maca, lá ficou esperando meia hora, quarenta minutos e, insuportável calcanhar, como não aparecia ninguém, ele resolveu, de mansinho, se levantar e ir chamar alguém. E então aconteceu o pior – Antônio caiu da maca e se arrebentou todo. Diagnóstico: fratura da bacia com estiramento parcial da coluna. Sua família foi comunicada; seu médico, simples dermatologista, chamou uma equipe de ortopedistas, para tratar do caso, e nosso herói todo esticado (e tracionado) foi internado no quarto 315.

- Doutor, a culpa foi minha! Fui eu que obriguei o Antônio a vir aqui.

- Calma, Dona Eusébia. Não chore, por favor. Seu marido vai para casa dentro de 15 dias.

- Quinze dias, doutor?!

- Dona Eusébia, foi o destino! Os ossos demoram um pouco para se consolidar. Tenha paciência. Ele está sendo muito bem tratado. Os ortopedistas só usaram dezoito quilos de gesso.

- Só!? (E chorou.)

- O importante é que ele fique imóvel. Completamente imóvel.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

- Dona Eusébia, venho lhe comunicar que seu marido pegou uma pneumonia.

- Doutor!? Como isso aconteceu?

- É porque ele está imóvel há muito tempo.

- Mas não foi o senhor mesmo que disse que ele não devia se mexer, doutor?

- Mas essas coisas acontecem, Dona Eusébia. Fique calma, por favor. Nós vamos chamar um pneumologista.

- Um, o quê? (E chorou.)

- Um médico de pulmão!

E foi o médico de pulmão entrar para começar a desgraça. Primeiro ele meteu um tubo goela abaixo de Antônio, depois colocou-o no soro, deu uma série de injeções e comunicou à chorosa Eusébia:

- Dona Eusébia, infelizmente apareceu um novo problema.

- Outro!? Qual, doutor?

- Examinando o pulmão, notei que o coração de seu marido não anda nada bem. Tá trotando mais que cavalo no grande prêmio.

- E agora?

- Vamos chamar um cardiologista!

- Eu não quero ficar viúva não! (E Eusébia chorou.)

- Calmo, Dona Eusébia. Tudo vai dar certo!

O cardiologista entrou como um tufão. Era eficientíssimo. Colocou o estetoscópio no peito, pescoço e barriga do Antônio. Ouviu tudo a que tinha direito. Depois tirou a pressão, um eletrocardiograma e disse:

- Dona Eusébia, o seu marido não tem nada de coração.

Eusébia já vestida de preto, pois esperava pelo pior, sorriu toda alegra.

- É mesmo, doutor? Que bom! Então não vai acontecer o pior?

- Pelo coração não! Mas pelo cérebro eu não dou certeza alguma. Chame um neurologista imediatamente! A propósito, os rins não estão funcionando bem. Aproveite e chame um nefrologista também.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Antônio estava agonizante. A equipe médica confabulava em torno do leito. Enfermeiras engomadíssimas andavam e zuniam por toda parte. Máquinas, termômetros e aparelhos dançavam em torno de Antônio que dava os últimos suspiros. Eusébia, acabada, isolada, assistia a tudo com desespero e dor. Se sentia culpada e pressentia sua existência sem Antônio, sem amor ou carinho.

Nesse instante, um dos médicos se aproximou e Eusébia, num estalo, falou:

- Doutor, eu queria dar um último beijo nele. Um afago, um último adeus!

Todos os médicos concordaram de imediato e Eusébia se postou junto ao leito. Mas onde beijar? Se Antônio era uma massa de gazes, tubos, gessos e fios. Eusébia olhou bem e achou um pé descoberto, a única parte possível de ser acariciada. Eusébia se curvou e viu, imaginem, o calo. Altivo, intacto e vivo. E, sem raiva ou vergonha, Eusébia beijou o calo do amado. E para surpresa de todos o moribundo se mexeu.

Acreditem, no quarto beijo Antônio espirrou. E, de afago em afago no calo, Eusébia conseguiu o impossível – curar Antônio.

Enfim, Antônio voltou ao lar com o calo e eles viveram felizes para sempre.

Moral da história – O amor tem razões que até os médicos desconhecem.

(DOC COMPARATO. O melhor da crônica brasileira. Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1981)

_________________________________________________________________________________

Estudo das palavras do texto.

A. Complete a frase com a palavra que indica a especialidade médica.

O especialista em doenças do coração chama-se ________________________

O especialista em doenças renais ou dos rins chama-se ______________________

O especialista que corrige as deformidades dos ossos chama-se ______________________

O especialista em doenças do pulmão chama-se ________________________

O especialista em doenças da pele chama-se _____________________________

O especialista em doenças do cérebro chama-se _______________________________

B. Localize e transcreva as palavras do texto que possuem os significados abaixo:

arrancar, tirar de dentro ________________

desagradável, enfadonho __________________

que é amigo da paz, pacífico, sossegado __________________

abatido, humilhado ___________________

moído, torturado ______________________

determinação de uma doença pelos sintomas _______________________

tornar sólido, resistente _____________________________

trocar ideias, conversar ___________________________

sentir com antecipação, pressagiar, suspeitar ______________________________

pôr-se, permanecer em um lugar ________________________

não tocado, inteiro __________________________

C. Na frase: "Dona Eusébia, venho lhe comunicar que seu marido pegou uma pneumonia." O verbo em destaque tem o sentido de adquirir uma enfermidade. O verbo pegar pode ter vários significados. Crie frases usando o verbo pegar com os seguintes sentidos:

pegar = agarrar, prender, segurar

pegar = subir ou instalar-se em um veículo para nele viajar

pegar = chegar a tempo, alcançar

pegar = aceitar fazer, comprometer-se a realizar um trabalho

pegar = seguir por determinada direção

pegar = ser condenado

D. Quais os principais personagens do texto?

E. Que tipo de homem era Antônio e qual a sua profissão?

F. Por que Antônio procurou um médico?

G. Por que, apesar de reclamar do calo há vinte e dois anos, Antônio não tomava nenhuma providência?

H. Para Antônio, o calo desempenhava importante função. Qual era essa função?

I. Que fato originou a primeira desgraça de Antônio já no hospital?

J. Qual foi a causa do segundo infortúnio de Antônio?

K. Como se sentiu Eusébia após o duplo acidente?

L. Que frase do texto nos revela claramente que Eusébia era pessimista?

M. Quando o paciente parecia não ter mais salvação, Eusébia resolveu despedir-se, dando-lhe um beijo. Como se deu esse fato?

N. Qual foi, na sua opinião, a razão principal para que Antônio se curasse?

________________________________________________________________________

Gabarito:

Questão A.

1) cardiologista

2)  nefrologista

3)  ortopedista

4)  pneumologista

5)  dermatologista

6)  neurologista

Questão B.

1)     Extrair

2)     Incômodo

3)     Pacato

4)     Cabisbaixo

5)     Macerado

6)      Diagnóstico

7)     Consolidar

8)     Confabulava

9)      Pressentia

10)      Postou

11)      intacto

 

Questão C. Respostas pessoais

Questão D. Antônio e Eusébia.

Questão E. Era um homem pacato e funcionário público há trinta anos.

Questão F. Por insistência de sua esposa, que julgava o calo do marido como um gerador de problemas.

Questão G. Porque o considerava como "calo de estimação".

Questão H. O calo funcionava como indicador meteorológico.

Questão I. Seu calo começou a doer e ele caiu, quebrando o calcanhar.

Questão J. A longa espera em uma das salas de atendimento. Como ninguém aparecia para atendê-lo, tentou levantar-se, caiu e fraturou a bacia,

sofrendo estiramento parcial da coluna.

Questão K. Sentiu-se culpada.

Questão L. "Eusébia já vestida de preto, pois esperava o pior…"

Questão M. Por não achar outro lugar, Eusébia beijou o calo do marido e a partir daí começou a cura.

Questão N. Resposta pessoal.

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 78 – O MULATO (fragmento) Nível Médio

24/02/2014

Um Homem de consciência - Atividades para aula


  1.      Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
  2.      Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos queriam: mudar-se para terra melhor.
  3.      Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.
  4.      – Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons – agora só um, e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando…
  5.      João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar-se, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.
  6.      – É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada de nada, então eu arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.
  7.      Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, não se julgava capaz de nada…
  8.      Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado – e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca!
  9.      João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada, botou-as num burro, montou no seu cavalinho magro e partiu.
  10.      Antes de deixar a cidade, foi visto por um amigo madrugador.
  11.      – Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
  12.      – Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
  13.      – Mas como? Agora que você está delegado?
  14.      – Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.
  15.      E sumiu.

(Monteiro Lobato, CIDADES MORTAS. 12a Edição. São Paulo,   Editora Brasiliense, 1965)

José Bento Monteiro Lobato  nasceu em Taubaté (SP), em 1882, e faleceu na cidade de São Paulo, em 1948.

Lutou, através da imprensa e pessoalmente, pelo saneamento, pela exploração do petróleo e do ferro, pela educação e saúde do país. Essas questões o tornam um pré-modernista, pois transferiu para sua obra os problemas da realidade brasileira.

Monteiro Lobato, apesar de ser considerado um pré-modernista, um precursor das ideias modernistas repudiou o modernismo.

Sua obra pode ser dividida em duas categorias:

·         Literatura geral: Cidades mortas, Urupês, problemas vitais, Negrinha, Ideias de Jeca Tatu, A onda verde. O choque das raças ou o presidente negro. O escândalo do petróleo, Mundo da lua, América, etc.

·         Literatura infantil: Reinações de Narizinho, Emília no país da gramática, Geografia de Dona Benta, O saci, caçadas de Pedrinho, O poço do Visconde, Os doze trabalhos de Hércules, Histórias de Tia Anastácia, O Marquês de Rabicó, etc.

 

ATIVIDADES NO CADERNO


  1. Onde nasceu Monteiro Lobato e em que ano?
  2. Que profissões ou cargos exerceu?
  3. Que campanhas promoveu como editor?
  4. Como escritor, que tipo de literatura tornou-se conhecido?
  5. Cite algumas de suas obras
  6. Que conceito João Teodoro fazia de si mesmo?
  7. Pretendia evoluir, melhorar sua vida? Justifique com um trecho do texto.
  8. Que sinais compravam o deperecimento de Itaóca
  9. João Teodoro pode ser considerado um bom cidadão? Justifique

10.   Feito a leitura, resolva estas questões, de acordo com o texto:

11. O texto de Monteiro Lobato retrata uma cidade que teve seus grandes dias na cultura do café. Pouco a pouco, entretanto, a cidade foi-se acabando. Dentre as alternativas abaixo qual a que explica a debilidade de Itaoca:

a.(  ) A deficiência dos meios de transporte impedia o escoamento da produção do café.

b.(  ) As pessoas mais cultas mudavam-se, buscando o conforto das grandes cidades.

c.(  ) O enfraquecimento das terras fazia o eixo econômico deslocar-se para outra região.

d.(  ) Os cargos importantes foram dados, por abuso de poder político, a pessoas incapacitadas.

12. O autor descreve João Teodoro como homem pacato, modesto, honesto, leal. Qual destas características poderia também fazer parte dessa descrição?

a.(  ) otimista       b.(  ) derrotista      

   c.(  ) idealista      d.(  ) conformista

 

13. João Teodoro resistiu à idéia de mudar-se, mas essa decisão não era definitiva. Em que situação ele se mudaria?

a.( ) Quando não tivesse mais ninguém morando na cidade.

b.( ) Quando a cidade voltasse a ser o que era antes.

c.( ) Quando algum fato o convencesse de que a cidade não oferecia mais motivo para continuar morando nela.

d.( ) Quando a cidade não tivesse mais nem médicos e advogados.

14.  No entender de João Teodoro, as atribuições do delegado são: "…que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo." Ele está:

a.(  ) certo, pois são essas as atribuições de todo delegado, de acordo com a Lei.

b.(  ) errado, pois os delegados só podem prender ou soltar pessoas mediante autorização do juiz; não podem autorizar nenhum tipo de castigo corporal, psicológico ou mental.

c.(  ) certo, porque são os delegados que decidem tudo o que deve ser feito na cidade onde atuam.

d.(  ) errado, porque são do governador essas atribuições.

 

15Dê o significado dos verbos destacados nas frases abaixo:

a. Nem circo de cavalinho bate mais por aqui.

____________________________________________

b. João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar-se. ____________________________________________

 

16 . Dê o significado das seguintes palavras que aparecem no texto:

a. pacato (parág. 1) ________________________________

b. rábula (parág. 4) _________________________________

c. restolho (parág. 4) _______________________________

 

17Explique a diferença de sentido entre:

a) ser delegado

b) estar delegado

 

Aula 02: Gêneros Literários


 
Literatura pode se apresentar como prosa ou poesia. Estas duas expressões linguísticas podem ser definidas assim.

• Prosa - expressão linguística literária semelhante à linguagem cotidiana e comum. Quando lemos um romance, por exemplo, percebemos que a linguagem ali empregada é muito parecida com a linguagem que usamos na nossa comunicação. No entanto, a "naturalidade" da prosa literária não deve ser confundida com a naturalidade da linguagem cotidiana, pois o que lemos num romance é o resultado de um trabalho artístico intenso do autor.

• Poesia - é a expressão literária que traz uma visão pessoal do autor, que retrata uma realidade interior, mas que se universaliza, ou seja, aquilo que o autor escreve sobre ele faz com que pensemos em nós, em nossas experiências. O trabalho artístico do autor faz com que questionemos nossa realidade a partir da experiência pessoal de quem escreve.

Chamamos de poema o texto que se estrutura por meio de versos (cada linha do poema). Pode-se falar de poema sem poesia e de prosa poética.

Depois destas definições, podemos esquematizar os gêneros literários. Quando o texto apresenta a predominância do aspecto subjetivo e pessoal, fazendo referência ao mundo interior do artista, podemos ter os gêneros: Lírico, Épico e Dramático.

gênero lírico se apresenta em versos (soneto, ode, elegia, balada, etc.) e expressa sentimentos como amor, ódio, tristeza, saudade, etc., mostrando sempre uma realidade interior, referente ao "eu" do poeta.

gênero épico mostra uma identificação entre o pessoal e o coletivo num texto em versos em que "aspirações coletivas" são interpretadas pelo "eu" do poeta.

gênero dramático apresenta ações e acontecimentos com alto grau de subjetividade e individualismo. Refere-se aos textos teatrais como a comédia , a tragédia e o drama , assim como o auto e a farsa, que são formas menores.

tragédia apoia-se nas paixões humanas para contar o destino catastrófico da vida de homens, despertando o terror e a piedade. A comédia, geralmente com intenção moralizante, utiliza-se do riso e da ironia. O drama é constituído tanto de tragédia como de comédia e apresenta uma intenção moralizante bem mais atenuada.

Quando o texto se apresenta em prosa, imitando uma realidade do mundo exterior do autor com referência à vida de personagens, relatada de modo objetivo, temos o gênero narrativo dos romances, novelas e contos.

No romance temos uma narrativa de enredo complexo, que apresenta vários personagens em conflito. A novela tem um enredo mais simples, podendo ter complexidade no conflito dos personagens. O conto é uma narrativa mais curta, com um número reduzido de personagens e com uma ação limitada.

 
Leitura
 

Texto 1

"Repousarei na tua memória
A minha imagem.
Quando chegar a noite
E o vento me arrastar para os largos espaços
Repousarei na tua memória a minha imagem."
Augusto Schimidt

Texto 2

"A tarde é a tristeza do sol. Os dias de Iracema vão ser longas tardes sem
manhã até que venha para ela a grande noite."
José de Alencar

Texto 3

"Cessem do sábio grego e do troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale -se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A que Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta."
Luís Vaz de Camões

Texto 4

"O céu parece de algodão.
O dia morre. Choveu tanto!
As minhas pálpebras estão
Como embrumadas pelo pranto."
Manuel Bandeira

Texto 5

"A canoa deslizava, brandamente, entrando na boca do rio Canumã, cuja superfície calma enrugava de leve, despertando as sardinhas a meio adormecidas entre duas águas. Nenhum pássaro cantava, as vozes noturnas da floresta haviam se calado, num recolhimento solene, ao despontar da aurora, como se ensaiassem as forças para a abertura do grande hino da manhã selvagem".
Inglês de Souza


Atividades
 

Para fixação do conteúdo aprendido, faça um breve resumo das informações desta aula em seu caderno.

Responda as questões abaixo:

1- Quais dos textos se apresentam em forma de prosa? Justifique sua resposta.

2- Quais dos textos se apresentam em forma de poesia? Justifique sua resposta.

3- Após uma interpretação mais aprofundada, classifique cada um deles como: líricos, épicos ou narrativos. Justifique cada uma das escolhas.


Fonte:

http://www.robertoavila.com.br/arquivos/literatura_aula02.htm

Aula 01: O que é Literatura?


 

Literatura

Literatura é a arte da palavra. É a técnica de usar as palavras com criatividade e originalidade: Assim como o pintor usa tintas para fazer um quadro e levar sua mensagem, assim como o músico utiliza a combinação harmoniosa dos sons para comunicar-se com seu público, também o literato usa as palavras para expressar suas ideias é emoções.

Na literatura, as palavras podem não ter o mesmo valor das palavras que utilizamos na vida diária. Em nosso cotidiano, as palavras têm um valor utilitário, ao passo que, se usadas no texto literário, adquirem valor artístico, podendo criar um mundo poético ou ficcional, por meio da maneira como são usadas.

O artista da palavra pode nos retratar uma realidade objetiva ou, simplesmente, criar um mundo subjetivo, interpretando a realidade a seu modo. A realidade literária (a criação literária) pode estar em desacordo com a realidade sensível, objetiva.

A literatura se reveste de grande importância porque é a expressão do ser humano e da vida, e porque retrata épocas, costumes e ideias.

Segundo Soares Amora, na literatura, "o interessante não é apenas quem se exprime e o que se exprime, mas como se exprime".

Linguagem literária e não-literária

Como distinguir, na prática, a linguagem literária da não-literária?

  • A,linguagem literária é conotativa, utiliza figuras (palavras de sentido figurado), em que as palavras adquirem sentidos mais amplos do que geralmente possuem.
  • Na linguagem literária há uma preocupação com a escolha e a disposição das palavras, que acabam dando vida e beleza a um texto.
  • Na linguagem literária é muito importante a maneira original de apresentar o tema escolhido.
  • A linguagem não-literária é objetiva, denotativa, preocupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a palavra em seu sentido próprio, utilitário, sem preocupação artística. Geralmente, recorre à ordem direta (sujeito, verbo, complementos).

Leia com atenção os textos a seguir e compare as linguagens utilizadas neles.

Texto A

Amor (ô). [Do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção, culto; adoração: amor à Pátria; amor a uma causa. 3. Inclinação ditada por laços de família: amor filial; amor conjugal. 4. Inclinação forte por pessoa de outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas que apresenta grande variedade de comportamentos e reações.
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Nova Fronteira.

Texto B

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.
Luís de Camões. Lírica, Cultrix.

Você deve ter notado que os textos ao lado tratam do mesmo assunto, porém os autores utilizam linguagens diferentes.

No texto A, o autor preocupou-se em definir "amor", usando uma linguagem objetiva, científica, sem preocupação artística.

No texto B, o autor trata do mesmo assunto, mas com preocupação literária, artística. De fato, o poeta entra no campo subjetivo, com sua maneira própria de se expressar, utiliza comparações (compara amor com fogo, ferida, contentamento e dor) e serve-se ainda de contrastes que acabam dando graça e força expressiva ao poema (contentamento descontente, dor sem doer, ferida que não se sente, fogo que não se vê).


Atividades
 

1- Responda:
a) Em que se assemelham um pintor, um músico e um escritor?
b) Um texto literário pode ser produzido com palavras simples do dia-a-dia? Por quê?
c) Que tipos de realidade o escritor pode expressar em sua criação literária?
d) Você acha a literatura importante? Por quê?
e) Você já leu alguma obra ou algum texto literário? Cite o autor, o nome da obra e o assunto.
f) Aponte algumas diferenças entre a linguagem literária e a não-literária.

2- Leia os textos e responda:

Texto 1 - Soneto do amor total

Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te a fim de um calmo amor prestante
Eu te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude,
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Moraes, Vinícius de


Texto 2 - Soneto da Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Moraes, Vinícius de

Texto 3 - Soneto da Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfaz a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se do triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Moraes, Vinícius de

a) Podemos dizer que os textos acima foram escritos em linguagem literária? Por quê?
b) De que falam esses textos? Podemos dizer que tratam somente das experiências individuais do seu autor ou há algo, neles, parecido com o que sentimos? Explique.
c) Existe algo em comum nos três textos? O quê?

3- Leia com atenção os textos e, a seguir, faça o que se pede.

Texto A

AMOR

Amor?
Receios, desejos, promessas de paraíso.
Depois sonhos, depois risos, depois beijos!
Depois...
E depois, amada?
Depois dores sem remédio,
depois pranto, depois tédio,
depois... nada!
Menotti del Picchia. Juca Mulato, Ediouro.

Texto B

ANÚNCIO DE JORNAL

Solteira, 35 anos, nível universitário, boa aparência, e muito sensível, está interessada em manter contato com senhor livre, situação financeira definida, simpático e inteligente para compromisso sério. Favor escrever para, Miriam, Rua Castro, 8100.

Compare os textos A e B e explique por que um é literário e o outro não.

4- Leia o texto e responda:

CARLOTA

Eu sabia que era bela; mas a minha imaginação apenas tinha esboçado o que Deus criara.
Ela olhava-me e sorria.
Era um ligeiro sorriso, uma flor que desfolhava-se nos seus lábios, um reflexo que
que iluminava o seu lindo rosto.
Seus grandes olhos negros fitavam em mim um desses olhares lânguidos e aveludados que afagam os seios d'alma.
Um anel de cabelos negros brincava-lhe sobre o ombro, fazendo sobressair a alvura diáfana de seu colo gracioso.
Tudo quanto a arte tem sonhado de belo e de voluptuoso desenhava-se naquelas formas soberbas, naqueles contornos harmoniosos que se destacavam entre as ondas de cambraia de seu roupão branco.
José de Alencar. Cinco minutos, Ática.

Destaque as palavras e expressões que foram usadas em sentido figurado e poético, isto é, com sentido diferente do usual.



Fonte:


http://www.robertoavila.com.br/arquivos/literatura_aula01.htm

18/02/2014

Rosamundo no banheiro -Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)



As histórias de Rosamundo — o distraído — são verdadeiras. E bárbaras. Teve o caso do dia em que ele comprou o livro Tia Zulmira e Eu, do famoso escritor brasileiro Stanislaw Ponte Preta, que todo mundo conhece como um dos luminares da nossa literatura moderna.

Rosamundo comprou o livro no dia do seu lançamento (quer dizer, lançamento do livro, não de Rosamundo). Pois comprou e ficou tão interessado que começou a ler na porta da livraria. Chamou um táxi, entrou no dito, e mandou tocar para o edifício onde mora, percorrendo todo o itinerário com a cara enfiada no livro, a ler gulosamente o fabuloso escritor.

Ora, se Rosamundo é distraído no simples, imaginem a ler um livro com tanto interesse. Tinha que dar em besteira. 

Rosamundo saltou do táxi, pagou a corrida, e entrou no prédio a ler o livro. Chamou o elevador, saltou no seu andar, abriu a porta e — após tirar o paletó e colocar o livro sobre um móvel — foi direto para o banheiro, tomar seu banho rápido, para poder continuar, a leitura.

No banheiro, abriu o chuveiro e foi entrando debaixo, a cantar o fado aquele que diz "só porque és riquinlegante, queres que eu seja seu amante, etc., etc." Ele detesta fados, mas está sempre distraído. Tão distraído que, acabado o banho, olhou para fora do boxe e viu que não tinha toalha. Então abriu a porta do banheiro e berrou:

— Como é, mulher. Nesta porcaria desta casa não tem toalha?

A mulher trouxe a toalha e enfiou a mão pela porta entreaberta do banheiro. 

Rosamundo, molhado e pelado, quis fazer um agradinho nela e puxou-a pelo braço para dentro do banheiro. E só então morou no vexame. A mulher que puxara era a do vizinho. Rosamundo tinha entrado no apartamento de baixo.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora

 

10/02/2014

ROTEIRO – TRABALHO DE PORTUGUÊS

RESENHA DE TEXTO NARRATIVO
• CAPA DIGITADA
• ATIVIDADES  MANUSCRITAS

1. Identificar os seguintes elementos
a) Foco Narrativo ( 1ª ou 3ª pessoa)
b) Personagens principais: Características físicas e psicológicas
c) Época ( Elementos característicos)
d) Espaço ( Dê a descrição do espaço)
e) Assunto ou enredo ( Resumo da situação inicial, quebra da situação, conflito, final))

2. Resenha crítica
a) O que aprendi lendo essa obra?
b) Valeu a pena ler? Por quê?

3. Bibliografia
a) Editora, Ano, Cidade, Edição, Título, Autor
b) Livro de onde foi tirado a narrativa ( Páginas)
c) Se foi da internet marque o site
(Entrega Verficar com o professor)