31/08/2013

Dicas para uma boa redação

Redação do ENEM - O que é pedido

O último pau de arara


















Último Pau de Arara



A vida aqui só é ruim
Quando não chove no chão
Mas se chover dá de tudo
Fartura tem de montão
Tomara que chova logo
Tomara, meu Deus, tomara
Só deixo o meu Cariri
No último pau-de-arara
Só deixo o meu Cariri
No último pau-de-arara
Enquanto a minha vaquinha
Tiver o couro e o osso
E puder com o chocalho
Pendurado no pescoço
Vou ficando por aqui
Que Deus do céu me ajude
Quem sai da terra natal
Em outro canto não pára
Só deixo o meu Cariri
No último pau-de-arara
Só deixo o meu Cariri
No último pau-de-arara
Enquanto a minha vaquinha
Tiver o couro e o osso
E puder com o chocalho
Pendurado no pescoço
Vou ficando por aqui





ATIVIDADES NO CADERNO

Para começar, você vai discutir com seus colegas de classe uma letra de música bastante conhecida,

1.      Último pau-de-arara, a partir de duas questões:
a)      O que lhe sugere a expressão “pau-de-arara”?
b) Você sabe onde se localiza o Cariri?
 Com as respostas obtidas na discussão em classe, acompanhe a música Último pau-de-arara,
de Venâncio Corumbá e J. Guimarães, e anote a letra em seu caderno. Procure identificar seu tema central.
Faça os exercícios a seguir.

Observe que o dicionário nos fornece diversas acepções para o termo “pau-de-arara”.

1. suporte de madeira no qual os sertanejos conduzem araras, papagaios e outras aves
trepadoras, para vender 2. instrumento de tortura que consiste num pau roliço em que
o torturado é pendurado pelos joelhos e cotovelos flexionados; cambau 3. caminhão que
transporta retirantes nordestinos 4. derivação: por extensão de sentido da acepção 3. alcunha
dada aos nordestinos que emigram para outras regiões, viajando em grupos nesses
caminhões.

Dicionário Houaiss de língua portuguesa, versão eletrônica. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

2.      Qual delas é mais adequada para compreender o uso do termo na letra da música? Responda em seu caderno.

3. Podemos afirmar que a letra da música gira em torno do tema:
I. A seca e suas consequências para os habitantes da região.
II. A falta de amor que o ser humano tem à sua terra natal e ao seu gado.
III. A necessidade de fazer a vontade de Deus.
IV. O amor que um homem sente pela sua arara Cariri.


4. Identifique alguns dos principais problemas enfrentados pelos migrantes tanto na
sua terra natal como na terra de destino. Depois, compartilhe sua resposta com a classe.



5. Observe:
“A vida aqui é ruim quando não chove no chão”
“A vida aqui é ruim quando não chove no chão”


O uso do advérbio “só” no primeiro verso reforça:

a) O lugar onde a vida se mostra difícil e agonizante por causa da falta de chuva.
b) As constantes ausências de chuva.
c) A solidão do enunciador, que não tem para quem contar as suas mágoas e dores.
d) A preocupação em valorizar a terra natal, que apenas faz sofrer quando não chove.



6. No verso “Enquanto a minha vaquinha tiver o couro e o osso”, o uso do diminutivo reforça:
I. A relação afetiva do enunciador para com o seu animal.
II. A situação precária em que vive o animal.
III. O desprezo do enunciador para com o animal.
Estão corretas:
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II

e) Apenas II e III

28/08/2013

Roteiro de trabalho para EJA -

ANÁLISE DE NARRATIVAS CURTAS (Escolher neste blog um conto e ler)

• CAPA DIGITADA
• ATIVIDADES MANUSCRITAS EM PAPEL ALMAÇO

 Identificar os seguintes elementos

1. Foco Narrativo ( 1ª ou 3ª pessoa justificar com um trecho do texto)
2.  Personagens principais: (Características físicas e psicológicas. Descrever os personagens)
3.  Época  ( Elementos característicos escrever um trecho que comprova )
4.  Espaço  ( Dê a descrição do espaço )
5. Assunto ou enredo ( Resumo da situação inicial, quebra da situação, conflito, final / Resumir com suas palavras o conto lido)

Resenha crítica
6. O que aprendi lendo essa obra? ( Faça uma conclusão)
7. Valeu a pena ler? Por quê?

Bibliografia
8. anotar o site pesquisado( 
www.http://........................................................
 ( Entrega Até data: 24  de Setembro 2013 ) 

27/08/2013

A mensagem -Stanislaw Ponte Preta



A mensagem
Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)

Um amigo nosso, comandante da VASP, conta-me a estranha mensagem recebida por um piloto americano durante uma aterrissagem. O avião da companhia norte-americana sobrevoava a Bahia, a caminho do Rio, quando um defeito no motor obrigou o piloto a providenciar uma aterrissagem no aeroporto mais próximo possível. Na Bahia, justamente na pequena cidade de Barreiras, existe uma pista de emergência (se é que se pode chamar aquilo de pista) para os aviões das linhas internacionais. Raramente é usada, mas era a mais próxima da rota do avião. Assim, o piloto não teve dúvidas. A situação dele estava muito mais pra urubu do que pra colibri. 0 negócio era mesmo se mandar para Barreiras. Pediu pouso durante certo tempo, dirigindo-se à Rádio local em inglês. A resposta demorou um pouco, mas acabou vindo. Alguém, com forte sotaque nordestino, falando um inglês arrevesado e misturado com palavras em português, respondia que estava ouvindo e aconselhava o comandante a procurar outro local para aterrissagem. Há dias estava chovendo em Barreiras e a pista se achava em péssimo estado. O piloto, sem outra alternativa, insistiu em pousar assim mesmo, e tornou a pedir instruções, ouvindo-se lá a voz a dizer que estava bem, mas que não se responsabilizava pelo que desse e viesse. Acontece porém que isso foi dito com outras palavras, ainda num misto de português e inglês. Assim:
— Ok. You land. But se der bode, I'il take my body out.

Texto extraído do livro "10 em Humor", Editora Expressão e Cultura — Rio de Janeiro, 1968, pág. 42.

Atividades
1. Considere o trecho “há dias estava chovendo em Barreiras e a pista se achava em péssimo estado.
O piloto, sem outra alternativa, insistiu em pousar assim mesmo”. Para que o leitor compreenda
o texto, uma parte precisa estar ligada à outra. No trecho que você leu, o autor faz a
ligação (ou conexão) entre as duas frases retomando palavras:

a) o termo piloto retoma o termo avião.
b) a expressão assim mesmo retoma a pista se achava em péssimo estado.
c) a expressão sem outra alternativa retoma o termo Barreiras.
d) o termo insistiu retoma o termo chovendo.

2. Esse texto pode ser considerado narrativo, pois:
a) apresenta uma opinião do autor sobre o tema aviação.
b) informa que o avião pode cair, caso o piloto não possa aterrissar.
c) apresenta uma sequência de acontecimentos.
d) usa termos da língua inglesa.

3. Nesse texto predomina o tempo cronológico, pois:
a) sabemos tudo o que o piloto pensa.
b) há marcas de passagem de tempo no texto.
c) o espaço do aeroporto está bem caracterizado.
d) faz humor ao misturar inglês com português.

4. Há algum trecho nesse texto que desperta sua imaginação? Copie o trecho e explique o porquê.


5. O foco narrativo está em 1a ou 3a pessoa? Justifique. 

O segundo verso da canção - Affonso Romano de Sant'Anna


Identidade cultural é unificação e confirmação de traços comuns existentes dentro de uma nação.
Passar cinquenta anos sem poder falar sua língua com alguém é um exílio agudo dentro do silêncio.
Pois há cinquenta anos, Jensen, um dinamarquês, vivia ali nos pampas argentinos. Ali chegara bem jovem, e desde então nunca mais teve com quem falar dinamarquês.
Claro que, no princípio, lhe mandavam revistas e jornais. Mas ninguém manda com assiduidade revistas e jornais para alguém durante cinquenta anos. Por causa disto, ali estava Jensen há inúmeros anos lendo e relendo o som silencioso e antigo de sua pátria. E como as folhas não falavam, punha-se a ler em voz alta, fingindo ouvir na própria voz a voz do outro, como se um bebê pudesse em solidão cantar para inventar a voz materna.
Cinquenta anos olhando as planuras dos pampas, acostumado já às carnes generosas dos churrascos conversados em espanhol, longe, muito longe dossmorgasboard natal.
Um dia, um viajante de carro parou naquele lugarejo. Seu carro precisava de outros reparos além da gasolina. Conversa-vai-conversa-vem, no posto ficam sabendo que seu nome também era Jensen. Não só Jensen, mas um dinamarquês. E alguém lhe diz: aqui também temos um dinamarquês que se chama Jensen e aquele é o seu filho. O filho se aproxima e logo se interessa para levar o novo Jensen dinamarquês ao velho Jensen dinamarquês - pois não é todos os dias que dois dinamarqueses chamados Jensen se encontram nos pampas argentinos.
No caminho, o filho ia indagando sobre a Dinamarca, que seu pai dizia ser a terra prometida, onde as vacas davam cem litros de leite por dia. Na casa, há cinquenta anos sem falar dinamarquês, estava o velho Jensen, ainda cercado de fotos, alguns objetos e uma abstrata lembrança de sua língua. Quando Jensen entrou na casa de Jensen e disse "bom dia" em dinamarquês, o rosto do outro Jensen saiu da neblina e ondulou alegrias. "É um compatriota!" E a uma palavra seguiram outras, todas em dinamarquês, e as frases corriam em dinamarquês, e o riso dinamarquês e a camaradagem dinamarquesa, tudo era um ritual desenterrando ao som da língua a sonoridade mítica da alma viking.
Jensen mandou preparar um jantar para Jensen. Vestiu-se da melhor roupa e assim os seus criados. Escolheu a melhor carne. E o jantar seguia em risos e alegrias iluminando cinquenta anos para trás. Jensen ouvia de Jensen sobre muitos conhecidos que morreram sem sua autorização, cidades que se modificaram sem seu consentimento, governos que vieram sem o seu beneplácito.   Em poucas horas, povoou sua mente de nomes de artistas, rostos de vizinhos, parques e canções. Tudo ia se descongelando no tempo ao som daquela língua familiar.
Mas havia um problema exatamente neste tópico das canções. Por isto, terminada a festa, depois dos vinhos e piadas, quando vem à alma a exilada vontade de cantar, Jensen chama Jensen num canto, como se fosse revelar algo grave e inadiável:
- Há cerca de cinquenta anos que estou tentando cantar uma canção e não consigo. Falta-me o segundo verso. Por favor (disse como se pedisse seu mais agudo socorro, como se implorasse: retira-me da borda do abismo), por favor, como era mesmo o segundo verso desta canção?
Sem o segundo verso nenhuma canção ou vida se completa. Sem o segundo verso a vida de um homem, dentro e fora dos pampas, é como uma escada onde falta um degrau, e o homem pára. É um piano onde falta uma tecla. É uma  boca de incompleta dentição.
Se falta o segundo verso, é como se na linha de montagem faltasse uma peça e não houvesse produção. De repente, é como se faltasse ao engenheiro a pedra fundamental e se inviabilizasse toda a construção. Isto sabe muito bem quem andou cinquenta anos na ausência desse verso para cantar a canção.
Jensen olhou Jensen e disse pausadamente o segundo verso faltante. E ao ouvi-lo, Jensen - o exilado - cantou de volta o poema inteiro preenchendo sonoramente cinquenta anos de solidão. Ao terminar, assentou-se num canto e batia os punhos sobre o joelho dizendo: "Que alegria! Que alegria!"
Era agora um homem inteiro. Tinha, enfim, nos lábios toda a canção.

Sobre o que trata o texto lido?
Há várias respostas para essa questão. Uma delas é que, apesar de falar sobre Jensen, o texto não está de fato comprometido em contar sua história. A história que esse texto nos conta está voltada para uma preocupação que deve fazer parte dos valores de cada cidadão: a questão da identidade cultural.
O que é isso? No texto, lemos que "passar cinquenta anos sem poder falar sua língua com alguém é um exílio agudo dentro do silêncio" e, ainda, que "por causa disto ali estava Jensen há inúmeros anos lendo e relendo o som silencioso e antigo de sua pátria."
O que buscava Jensen? Nada além de preservar sua identidade cultural, aquela que o assinala também como usuário de uma determinada língua que, por sua vez, possui seu patrimônio, seu acervo, sua herança - a língua escrita. E sua criatividade, espontaneidade, natureza mais livre e solta - a língua oral, preservada através da poesia, de canções provavelmente como esta, que Jensen não conseguia mais cantar...

Atividades
1.       Releia alguns trechos do texto de Affonso Romano de Sant'Anna:
Jensen mandou preparar um jantar para Jensen.
Jensen ouvia de Jensen sobre muitos conhecidos (...).
Jensen chama Jensen num canto (...).
Jensen olhou Jensen (...).

A utilização repetida dos nomes idênticos das duas personagens em uma mesma frase tem como efeito:

a)      Convencer o leitor de que as personagens eram, de fato, compatriotas.
b)      Deixar o leitor desconfortável com o excesso de repetições desnecessárias.
c)       Criar no leitor a sensação de que as personagens ainda estavam começando a se acostumar com o nome.
d)      Reproduzir o espelhamento que um Jensen tinha  no outro, identificando-se como parte de uma mesma cultura.
e)      Demonstrar que as personagens ainda estavam começando seu processo de comunicação, por isso as frases tinham de ser ditas de forma bastante explicada.

2.       Releia  o trecho apresentado a seguir.
"E ao ouvi-lo, Jensen – o exilado- cantou de volta o poema inteiro preenchendo sonoramente cinquenta anos de solidão".
O termo destacado aparece pela primeira vez no trecho anterior. Até então, Jensen não havia sido adjetivado como um exilado.
Quando usa a palavra exilado, o autor se refere:
a)      À expulsão de Jensen da Dinamarca.
b)      Ao fato de estar nos pampas argentinos.
c)       Ao fato de Jensen não saber toda a canção.
d)      Às mudanças ocorridas na ausência de Jensen.
e)      À distância  da língua materna por cinquenta anos.

3.       O segundo verso, esquecido por Jensen, tem um sentido especial no texto.
Jensen não esqueceu o primeiro verso – sem o qual sequer iniciaria a canção – nem o último – sem o qual poderia cantar a canção quase até o fim. Esqueceu o segundo, que lhe permitia iniciar e emperrar logo no início.

No texto, o segundo verso da canção é:

a)       O símbolo da saudade de Jensen.
b)      A maneira de Jensen de se sentir dinamarquês.
c)       A forma que Jensen  encontra de ser hospitaleiro com o outro Jensen.
d)      A prova de que passar cinquenta anos longe da língua pátria  leva a perda da identidade cultural.
e)      A representação de uma identidade cultural que, apesar de quase ausente, não se perde por completo.

26/08/2013

REDAÇÃO: fuja do clichê (chavão, frase feita, lugar-comum)

Clichê não-verbal

O que evitar no seu texto?
Muitos alunos me procuram querendo saber o que não colocar na redação. Para responder a essa pergunta, é preciso primeiro registrar que um texto apresenta vários aspectos: o linguístico, o gráfico, o semântico, o gramatical...

Aqui, vou dizer o que deve ser evitado no nível puramente linguístico: O clichê.

O que é clichê?
Em redação, chama-se clichê aquele termo que, pelo uso excessivo, já perdeu a sua força expressiva. É um termo gasto, manjado, pobre e sem nenhuma originalidade. Veja abaixo alguns exemplos:
- Abrir com chave de ouro;
- Antes de mais nada;
- Aparar as arestas;
- A todo vapor;
- Caixinha de surpresas;
- Calorosos aplausos;
- Corações e mentes;
- Do Oiapoque ao Chuí;
- Em nível de;
- Erro gritante;
- Importância vital;
- Inserido no contexto;
- Joia da coroa;
- Uma luz no fim do túnel;
- No fundo do poço;
- Os quatro cantos do mundo;
- Pergunta que não quer calar;
- Preencher uma lacuna;
- Rota de colisão;
- Usina de ideias;
- Nós, brasileiros;
- Nós, seres humanos
- Vitória esmagadora;
- Começar com o pé direito;
- Agradar a gregos e troianos;


CLICHÊS GERALMENTE USADOS PARA ABRIR O TEXTO:
- Desde os primórdios da humanidade...;
- Nos dias atuais...;
- Nos dias de hoje...;
- Atualmente...;
- Indubitavelmente...;
- Para começar...;

Na minha opinião;
No meu ponto de vista;

CLICHÊS GERALMENTE USADOS PARA ABRIR CONCLUSÃO:
- Conclui-se que...;
- Concluindo...;
- Com base nos fatos mencionados, conclui-se que...;
- Para concluir...;


OBS.: O clichê também pode se apresentar na forma não-verbal (observe a foto do coração desenhado na areia, que abre esta postagem), seja no cinema, na fotografia, na novela de televisão, na música... Lembre-se. Clichê é tudo aquilo que é manjado, gasto pelo uso, "coisa pronta".

24/08/2013

ECA



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ECA

Constituição Federal de 1988


Concursos para professores - Resumos de livros pedagógicos



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CONCURSO PARA PROFESSORES - RESUMOS DE LIVROS PEDAGÓGICOS

Manual do professor 2013 (Apeoesp)




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MANUAL DO PROFESSOR 2013

A regreção da redassão


A regreção da redassão 
(Carlos Eduardo Novaes)
 

“ Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever:
 
- Mas, minha senhora – desculpei–me – , eu não sou professor.
- Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito.
- A culpa não é deles. A falha é do ensino.
- Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem.
- Obrigado – agradeci – , mas não acredite muito nisso. Não coloco vírgulas, e nunca sei onde botar os acentos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor.
- Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor.
- Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar – , eu não tenho o menor jeito com crianças.
- E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos.
Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escrever”. Depois li no jornal as declarações de um diretor da faculdade: “ O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí a procura de outros educadores. Todos me disseram: acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever. Passei a observar e notei que já não se escreve como antigamente. Ninguém mais faz diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes.
Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore.
- Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isso é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante emprego por mais dez anos.
- Engano seu – disse ele – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão.
- Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver.
- E você sabe por que essa geração não sabe escrever?
- Sei lá – dei com os ombros -, vai ver que é porque não pega direto no lápis.
- Não senhor. Não sabe escrever porque está perdendo o habito da leitura. E quando o perder completamente, você vai escrever para quem?
Tai um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar num açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, correndo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece hoje bilhete de loteria:
- Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó.
– Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio.
- E a senhora não quer ler? – perguntei, acompanhando os passos de uma universitária. – A senhora vai gostar. É um texto muito curioso.
- O senhor só tem escrito? Então não quero. Porque o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador.
- E o senhor, não está interessado nuns textos?
- É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro?
- E o senhor, vai? Levas três e paga um.
- Deixa eu ver o tamanho – pediu ele.
Assustou-se com o tamanho do texto:
- O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo em cinco linhas?
Não há dúvidas: o estudante brasileiro não sabe escrever. Não sabe escrever porque não lê. E não lendo também desaprende a falar. [...] os estudantes não escrevem, não leem, não falam, não pensam. Tudo isso me faz pensar que estamos muito mais perto da Idade da Pedra. A prosseguir nessa regressão, ou regredir nessa progressão, não demora muito estaremos todos de tacape na mão reinventando os hieróglifos. Neste dia então a palavra escrever ganhará uma nova grafia: ex-crever.”
 

1.      Qual é a intenção do autor ao cometer, de modo proposital, os dois “erros” ortográficos no título?
2.      “A solução, parece-me, é usar a própria televisão para estimular a leitura.” Como a televisão poderia estimular as pessoas a lerem mais?
3.      Por que, segundo o autor, estamos mais perto do que imaginávamos da idade da Pedra?

Uma Fábula Moderna - A MORTE DA TARTARUGA

Áudio do conto




Você sabe o que é fábula? É uma história em que os personagens são animais que agem como se fossem seres humanos. No final, sempre há um ensinamento inspirado pela história e que é chamado "moral".
O texto a seguir é uma fábula moderna: os personagens que agem são seres humanos e não animais, no entanto, a história termina com uma moral, tal como as fábulas antigas.

A MORTE DA TARTARUGA

O menininho foi ao quintal e voltou chorando: a tartaruga tinha morrido. A mãe foi ao quintal com ele, mexeu na tartaruga com um pau (tinha nojo daquele bicho) e constatou que a tartaruga tinha morrido mesmo. Diante da confirmação da mãe, o garoto pôs-se a chorar ainda com mais força. A mãe a princípio ficou penalizada, mas logo começou a ficar aborrecida com o choro do menino. "Cuidado, senão você acorda seu pai". Mas o menino não se conformava. Pegou a tartaruga no colo e pôs-se a acariciar-lhe o casco duro.
 A mãe disse que comprava outra, mas ele respondeu que não queria, queria aquela, viva! A mãe lhe prometeu um carrinho, um velocípede, lhe prometeu uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimação. Afinal, com tanto choro, o pai acordou lá dentro, e veio, estremunhado, ver de que se tratava.
 O menino mostrou-lhe a tartaruga morta. A mãe disse: — "Está aí assim há meia hora, chorando que nem maluco. Não sei mais o que fazer. Já lhe prometi tudo mas ele continua berrando desse jeito". O pai examinou a situação e propôs: — "Olha, Henriquinho. Se a tartaruga está morta não adianta mesmo você chorar. Deixa ela aí e vem cá com o pai.".
O garoto depôs cuidadosamente a tartaruga junto do tanque e seguiu o pai, pela mão. O pai sentou-se na poltrona, botou o garoto no colo e disse: — "Eu sei que você sente muito a morte da tartaruguinha. Eu também gostava muito dela. Mas nós vamos fazer pra ela um grande funeral". (Empregou de propósito uma palavra difícil). O menininho parou imediatamente de chorar. "Que é funeral?" O pai lhe explicou que era um enterro. "Olha, nós vamos à rua, compramos uma caixa bem bonita, bastante balas, bombons, doces e voltamos para casa. Depois botamos a tartaruga na caixa em cima da mesa da cozinha e rodeamos de velinhas de aniversário.
Aí convidamos os meninos da vizinhança, acendemos as velinhas, cantamos o "Happy-Birth-DayTo-You" pra tartaruguinha morta e você assopra as velas. Depois pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, enterramos a tartaruguinha e botamos uma pedra em cima com o nome dela e o dia em que ela morreu. Isso é que é funeral! Vamos fazer isso?" O garotinho estava com outra cara. "Vamos, papai, vamos! A tartaruguinha vai ficar contente lá no céu, não vai? Olha, eu vou apanhar ela". Saiu correndo.
 Enquanto o pai se vestia, ouviu um grito no quintal. "Papai, papai, vem cá, ela está viva!"
O pai correu pro quintal e constatou que era verdade. A tartaruguinha estava andando de novo, normalmente. "Que bom, hein?" — disse — "Ela está viva! Não vamos ter que fazer o funeral!" "Vamos sim, papai" — disse o menino ansioso, pegando uma pedra bem grande — "Eu mato ela".
MORAL: O importante não é a morte, é o que ela nos tira.
                                         Fernandes, Millôr. Fábulas fabulosas. São Paulo: Círculo do Livro, 1973.

1-    O narrador participa da história como personagem ou apenas conta o que aconteceu? Explique sua resposta.

2- O narrador emprega vários diminutivos: menininho, animalzinho, tartaruguinha, garotinho,Henriquinho.
a) Os diminutivos indicam o tamanho físico dos seres ou a afetividade com que são vistos na história?
b) Como os seres citados são vistos?
3-    O modo como o narrador se expressa, isto é, o registro que usa para contar a história, é  diferente do utilizado pelos personagens. Neste texto, eles usam o registro informal, pois são íntimos e estão conversando. Como você explica o fato de o registro do narrador ser muito próximo do usado pelos personagens no trecho "A mãe disse que comprava outra, mas ele respondeu que não queria, queria aquela, viva!"?

4-    Os personagens dialogam no texto. Que características da linguagem oral você percebe nesse diálogo?
5-    Há um trecho em que se lê "A mãe lhe prometeu um carrinho, um velocípede, lhe prometeu uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimação." A mãe promete ao menino brinquedos e, em seguida... uma surra. Essa sequência indica que sentimento da mãe em relação ao menino?

6- Ao conversar com o filho, o pai usa a palavra "funeral", e o narrador avisa que ele empregou de propósito uma palavra difícil.
a) Que palavra fácil ele poderia ter usado e que é sinônimo de "funeral"?_________________
b) Qual a intenção do pai ao usar uma palavra difícil?
c) Ao explicar ao filho como seria o funeral da tartaruga, o pai usa linguagem coloquial, com marcas de oralidade. Quais delas você reconhece?

7- Por que o pai usa esse tipo de registro ao falar com o filho?

8- O funeral que o pai pretendia organizar era parecido com que tipo de evento? Por que o pai decidiu assim?

9- O narrador conta que a mãe mexeu na tartaruga e verificou que ela estava morta. No entanto, essa informação é falsa, pois o animal não havia morrido. Como você explica esse fato?

10- Como você entendeu a moral da história?

22/08/2013

Testes de ortografia e redação eliminam candidatos a estágio


Entre cursos com maior reprovação estão pedagogia, jornalismo e turismo.
Falta de leitura e hábitos gerados pela internet são fatores motivadores.

Marta CavalliniDo G1, em São Paulo

19 comentários

Quem concorre a uma vaga de estágio precisa ficar atento ao conhecimento e domínio da língua portuguesa, pois os testes ortográficos e as redações são os que mais reprovam, de acordo com levantamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube). Atualmente, várias empresas estão com milhares de vagas abertas e os processos seletivos estão a todo vapor - clique aqui para ver a lista de programas de estágio e trainee.

Uma das etapas da seleção, o teste ortográfico, aplicado em forma de ditado, reprovou mais os estudantes de nível médio técnico de escolas públicas em 2012. Em relação aos universitários, a reprovação atinge mais os que estudam em instituições particulares e dos cursos de pedagogia, jornalismo e matemática (veja abaixo reprodução dos testes disponibilizados pelo Nube).

Já na redação, a reprovação foi maior entre os estudantes de 15 a 18 anos e do ensino médio no ano passado. Entre os cursos de nível superior, a maior reprovação está entre os cursos de turismo, educação física e publicidade.

Os homens tiveram desempenho pior que as mulheres tanto no teste ortográfico quanto na redação.

Teste ortográfico
O estudo realizado durante todo o ano de 2012 com 7.219 estudantes revela que 2.081 candidatos (28,8%) não tiveram êxito no teste ortográfico e foram eliminados. O teste foi aplicado na forma de ditado, com 30 palavras do cotidiano, como "seiscentos", "escassez", "artificial", "sucesso", "licença" e "censura". Era considerado reprovado quem cometesse mais de sete erros. O índice de reprovação entre as mulheres ficou em 26,6%, e entre os homens, em 32%.

Os mais novos, com idade entre 14 e 18 anos, tiveram melhor desempenho, com 75% de aprovação, superando outras faixas como a de 19 a 25 anos (68,9%), 26 a 30 anos (69,2%) e acima de 30 anos (71,2%).

Alunos do ensino médio técnico tiveram o pior desempenho - em torno de 37% cometeram mais de 7 erros, seguidos dos estudantes do superior tecnólogo (30%), médio (29%) e superior (28,5%). Estudantes de nível médio e técnico de escola pública tiveram desempenho pior (30%) se comparados aos das instituições particulares (17%). Entre os universitários, cerca de 30% dos jovens de escolas privadas foram reprovados, contra apenas 19% das faculdades municipais, estaduais ou federais.

Os cursos com maior índice de reprovação são pedagogia (50%), jornalismo (49%), matemática (41,4%), psicologia (41%) e ciência da computação (40%). Com maior aprovação estão os cursos de comércio exterior (83%), medicina veterinária (82%), relações públicas (80%), engenharia de produção (80%), nutrição (75,5%), engenharia elétrica (74,5%) e direito (74%).

Redação
Pesquisa realizada durante todo o ano 2012 com 1.147 participantes mostra que as mulheres tiveram maior índice de aprovações na redação, com 85,5%. Entre os homens, o índice foi de 80,7%.  A reprovação é maior entre os estudantes de 15 a 18 anos (27,5%) em relação a 19 a 25 anos (16,5%). No ensino médio, o índice de reprovação é de 26,1%, e no superior, de  17,4%. Os cursos de direito (90%), engenharia civil (88%) e engenharia mecânica (86%) têm o maior índice de aprovação. Já os de turismo (66%), educação física (33%) e publicidade (27,5%) têm os piores índices.

Justificativas
"Impressiona o fato de os jovens na fase da universidade registrar erros graves na grafia. Apenas 25% dos brasileiros mantêm o hábito da leitura. O reflexo é percebido antes do ingresso no mercado de trabalho. Muitos ficam pelo caminho e são excluídos das chances de construírem uma carreira, por terem pouca intimidade com as palavras", diz Erick Sperduti, coordenador de recrutamento e seleção do Nube.

Para Sperduti, o bom desempenho das mulheres na redação pode ser explicado pelo fato de as candidatas se interessarem mais pela leitura, seja em romances ou revistas. "Assim, absorvem um maior repertório de palavras e estabelecem uma maior concordância no momento de elaborar uma redação".

Já em relação ao fraco desempenho dos estudantes do nível médio e técnico no teste ortográfico e na redação, Sperduti afirma que "o jovem ainda não possui uma variedade de vocabulário, dificultando a elaboração de um bom texto. Somado a esse fator, temos a falta de interesse em escrever. Navegar na web, ouvir rádio e ver televisão são mais atrativos para esse público", explica.

Com relação ao bom desempenho dos estudantes de 14 a 18 anos no teste ortográfico, o coordenador diz que esses estudantes têm mais contato com a língua portuguesa por ainda estarem no período de formação.

Entre as palavras grafas de forma errada nos testes ortográficos, Sperduti cita rejeitar com "G" no lugar do "J", flexível com "QUIC" no lugar do "X", assessoria com um "S" apenas, licença com "S" no lugar do "C", exceção sem o "C", ressaltar com um "S" apenas e transição com "C" no lugar do "S". "Dá a entender que não conhecem as palavras", diz.

Sperduti considera que a única saída para reverter o mau desempenho é a prática da leitura e o hábito de escrever as ideias. "O desafio para os futuros profissionais não é apenas concluir o curso, mas mostrar domínio do nosso idioma", diz.

De acordo com o coordenador de recrutamento, é importante organizar os assuntos a serem redigidos. "Tudo precisa ter uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão, ou seja, um começo, meio e fim", diz Sperduti. Ele afirma ainda que não se deve escrever em 1ª pessoa, com expressões como "eu acho", "eu penso", "eu acredito". "Muitos são reprovados porque não releem o que escreveram, não revisam para corrigir os erros antes da entrega. A pressa, neste caso, só prejudica", diz.

Para o coordenador, a internet pode contribuir com os erros. "Abrevia-se muito as palavras, escreve-se com rapidez, quer fazer as coisas de forma rápida, não revisa, esse sentido de urgência pode prejudicar", diz. Entre os principais erros nas redações estão ortografia e concordância, redações curtas, com menos de 15 linhas, fuga ao assunto proposto, texto sem começo, meio e fim. "Os candidatos têm de 40 a 50 minutos para fazer a redação, dá tempo de fazer e revisar, mas muitos terminam em 15 minutos", diz.

De acordo com Sperduti, a seleção de estagiários se dá da seguinte forma: depois de selecionar os candidatos pelo perfil técnico, por meio de triagem no cadastro da entidade, as empresas geralmente aplicam testes presenciais, que são compostos da apresentação pessoal (o candidato fala dele mesmo, de seus dados pessoais, de suas competências do currículo e de suas características); atividade em grupo, com o desenvolvimento de case e apresentação – nessa etapa é feita a avaliação de competências; e em seguida testes de raciocínio lógico, ortográfico, redação e inglês.

O que mais reprova é o teste ortográfico e redação, seguido das atividades em grupo, segundo ele. "Muitos candidatos nem sabem para qual empresa estão concorrendo. Por outro lado, outros estão ali por causa da empresa, porque têm vontade de seguir carreira nela, e isso conta bastante", diz Sperduti.

Teste ortográfico do Nube para o curso de administração, cujo número de acertos ficou em 26 (Foto: Reprodução)Teste ortográfico do Nube para o curso de administração, cujo número de acertos foi de 5 (Foto: Reprodução)

 

Teste ortográfico do Nube para o curso de arquitetura e urbanismo, cujo número de acertos ficou em 9 (Foto: Reprodução)Teste ortográfico do Nube para o curso de arquitetura e urbanismo, cujo número de acertos ficou em 9 (Foto: Reprodução)

 

Teste ortográfico do Nube para o curso de recursos humanos (Foto: Reprodução)Teste ortográfico do Nube para o curso de recursos humanos (Foto: Reprodução)

 

Teste ortográfico do Nube para o curso de engenharia de produção, cujo número de acertos ficou em 9 (Foto: Reprodução)Teste ortográfico do Nube para o curso de engenharia de produção, cujo número de acertos ficou em 9 (Foto: Reprodução)

 

Teste ortográfico do Nube para o curso de técnico em administração, cujo número de acertos ficou em 5 (Foto: Reprodução)Teste ortográfico do Nube para o curso de técnico em administração, cujo número de acertos ficou em 5 (Foto: Reprodução)

 

Teste ortográfico do Nube para o curso de engenharia de produção, cujo número de acertos ficou em 11 (Foto: Reprodução)Teste ortográfico do Nube para o curso de engenharia de produção, cujo número de acertos ficou em 11 (Foto: Reprodução)http://g1.globo.com/concursos-e-emprego/noticia/2013/08/testes-de-ortografia-e-redacao-eliminam-candidatos-estagio.html