22/08/2015

Como nossa memória funciona

Como nossa memória funciona

Por Dr. Bernard Croisile.

A maneira como nosso cérebro armazena, mantém e acessa a memória é um processo fascinante. Apenas recentemente é que neurocientistas e pesquisadores acadêmicos começaram a realmente entender como esse processo complicado funciona. As informações que chegam até nós são processadas de três formas primárias:
  • Memória Sensorial – A memória sensorial é usada para descrever nossa habilidade de reter impressões de informações que chegam através dos nossos cinco sentidos. Uma memória sensorial pode existir para qualquer desses canais sensoriais:
    • Memória visual | visão
    • Memória auditiva | audição
    • Memória tátil | tato
    • Memória olfativa | olfato
    • Memória gustativa | paladar
Cada um desses tipos de memória é importante e deficiências em qualquer um deles pode tornar certas tarefas mais difíceis. Por exemplo, deficiências na memória visual podem afetar sua habilidade de ler e escrever. Deficiências na memória auditiva podem afetar sua habilidade de compreender palavras ou lembrar informações que foram apresentadas verbalmente.
Um dos maiores fatores que separa a memória sensorial dos outros tipos de memória é que esse tipo de memória é geralmente armazenado no seu cérebro por menos de dois segundos. Essa breve janela de tempo nos dá tempo suficiente para processar, analisar e interpretar a mensagem que chega. Se julgarmos a informação importante o suficiente, nós a movemos para o próximo tipo de armazenamento.
  • Memória de Curto Prazo / Memória de Trabalho – Quando a informação é julgada importante, nós a movemos da memória sensorial para nossa memória de curto prazo. Através da memória de curto prazo, a maioria dos seres humanos pode lidar com aproximadamente 7 informações durante uns 30 segundos. Podemos estender esse período “ensaiando” a informação, repetindo os pensamentos em nossa mente, o que ajuda a movê-la para a memória de longo prazo. A maioria das informações é perdida (esquecida) na memória de curto prazo. Os limites da memória de curto prazo tornam impossível para qualquer um lembrar tudo que experimentam. Até pessoas com “memória fotográfica” não conseguem se lembrar de tudo, ao contrário da crença popular.
  • Memória de Longo Prazo – Se a informação tiver sorte o suficiente de sobreviver os primeiros dois estágios, ela terá a chance de ser processada e encontrar um lugar em sua memória de longo prazo. Uma metáfora comum é que a memória de longo prazo é a biblioteca do cérebro. Como uma biblioteca tradicional, a informação na memória de longo prazo é classificada, arquivada e indexada de diversas formas. Porque somos criaturas espaciais, e na maior parte organizamos nossas vidas baseadas no tempo, nossas memórias de longo prazo são organizadas por data e hora cronologicamente. O sistema de catalogação de longo prazo do nosso cérebro é complexo, mas é composto por três componentes chave:
    • Memória semântica: A parcela da memória de longo prazo que cuida de formular nossas ideias, significados e conceitos.
    • Memória processual: A parcela da memória de longo prazo que nos ajuda a lembrar como fazer as coisas.
    • Memória episódica: A parcela da memória de longo prazo que se refere à nossa habilidade de resgatar experiências pessoais do nosso passado.
Temos que admitir, esse é um resumo muito breve do que compõe nossa memória e de forma alguma é exaustivo. Além disso, existem definições especiais dentro da memória que fogem da esfera dessa progressão de três estágios. Por exemplo, existe um aspecto da memória que descreve o aumento de sensibilidade da nossa mente subconsciente a certa informação quando nós somos expostos a ela diversas vezes ao longo de um período de tempo. Um exemplo do mundo real é nossa habilidade crescente de lembrar melhor o nome de um colega de trabalho depois que você o ouviu pela quinta vez, ao invés de quando ouviu pela primeira vez.
Estudos mostram que nossa memória melhora com a prática e fazer jogos de memória é uma ótima maneira de se conseguir justamente isso, e de se proteger do declínio cognitivo. Experimente e você rapidamente estará na direção de melhorar sua memória.

19/08/2015

O que é crônica?

A CRÔNICA




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(Grego krónos = tempo)
  
O vocábulo «crônica» mudou de sentido ao longo dos séculos. A princípio, designava um "relato cronológico dos fatos", isto é, uma lista ou relação de acontecimentos, organizados conforme a seqüência linear do tempo, ou seja, uma narração de episódios históricos. Em termos práticos a crônica se limitava a registrar os eventos, sem aprofundar-lhes as causas ou dar-lhes qualquer interpretação. Dentro dessa característica a crônica atingiu seu ápice após o século XII. Porém, nessa altura a crônica já exigia uma distinção: as que narravam acontecimentos com abundância de pormenores, com a intenção de esclarecer ou interpretar os acontecimentos numa perspectiva individual, recebiam o tradicional nome de «crônica». Em contrapartida, as “crônicas breves”, isto é, as simples e impessoais notações dos acontecimentos históricos, passaram a denominar-se «cronicões».
A partir do século XIX, com o avanço da imprensa e do jornal, a crônica passa a ostentar estrita personalidade literária. Assim entendida, a crônica teria sido inaugurada pelo francês Jean Lous Geoffroym,  em  1800,  no jornal “Des Débats” na forma de folhetim que, entre nós, apareceu depois de 1836. Não tinha, ainda, as características que tem hoje:

“Era um texto mais longo, publicado geralmente aos domingos no rodapé da primeira página do jornal, e seu primeiro objetivo era comentar e passar em revista os principais fatos da semana, fossem eles alegres ou tristes, sérios ou banais, econômicos ou políticos, sociais ou culturais. O resultado, para dar um exemplo, é que num único folhetim podiam estar, lado a lado, notícias sobre a guerra da Criméia, uma apreciação do espetáculo lírico que acabara de estrear, críticas às especulações na Bolsa e a descrição de um baile no Cassino."
(FARIA, João Roberto no prefácio de Crônicas Escolhidas de José de Alencar)

De lá para cá, o prestígio da crônica não tem deixado de crescer, a ponto de haver os que a identificam com a própria Literatura Brasileira ou a consideram nossa exclusividade.
De assunto livre, mas geralmente voltado para os pequenos fatos do cotidiano, a crônica é o único gênero literário produzido essencialmente para ser vinculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas de um jornal. De maneira, que ela é feita com uma finalidade pré-estabelecida: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o lêem. Pelo seu caráter jornalístico a crônica é efêmera e, não raro, sobrevive ao tempo. Por isso, é que, posteriormente, são reunidas em livro. Assim, seu autor dá-lhe um status mais perpétuo, ou mais nobre.
Regra geral, a crônica é um comentário leve e breve sobre algum fato do cotidiano. Seu motivo, na maioria dos casos, é o pequeno acontecimento, isto é, a notícia que ninguém prestou atenção, o acontecimento insignificante, a cena corriqueira, trivialidades. Mas nem só de uma conversa despretensiosa a respeito do dia-a-dia vive a crônica. Com relativa freqüência, ela se aproxima do conto, devido a um tratamento literário mais apurado, principalmente no que tange a linguagem. Tanto é, que, muitas vezes, é difícil estabelecer as diferenças entre o conto e a crônica, pois, nesse caso, dela também participam personagens; o tempo e o espaço estão claramente definidos e um pequeno enredo é desenvolvido. Essa proximidade é que tem levado vários cronistas à prática mais ou menos disfarçada do conto. No entanto, esta diferenciação só é perceptível àquele com leitura contínua de contos e de crônicas. De qualquer maneira, há certa dificuldade de se estabelecer uma fronteira teórica entre ambos. Contudo, podemos enumerar algumas características da crônica que podem ser confrontadas com as do conto:
• Ligada à vida cotidiana. Depoimento pessoal, com estilo e pontos de vista individuais. Narrativa informal, familiar, intimista.
• Uso da oralidade na escrita = linguagem coloquial, às vezes sentimental, ou emotiva, ou ainda, irônica, crítica.
• Sensibilidade no contato com a realidade. Natureza ensaística. Síntese, brevidade, leveza, dose de lirismo.
• Uso do fato como meio ou pretexto para o artista exercer seu estilo e criatividade.
• Diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa fiada.

OS VÁRIOS TIPOS DE CRÔNICA

Crônica Lírica ou Poética
Em uma linguagem poética e metafórica o autor extravasa sua alma lírica diante de episódios sentimentais, nostálgicos ou de simples beleza da vida urbana, significativos para ele. Como, por exemplo, em «Brinquedos Incendiados», de Cecília Meireles. Por vezes, esse tipo de crônica é construído em forma de versos poéticos. Contudo, tem-se observado estar, a crônica lírica ou poética, cada vez mais em desuso, provavelmente devido à violência e a degradação da vida nas grandes cidades brasileiras.

Crônica de Humor
Apresenta uma visão irônica ou cômica dos fatos em forma de um comentário, ou de um relato curto. Como em «Sessão de Hipnotismo», de Fernando Sabino. É uma crônica muito próxima do conto. Procura basicamente o riso, com certo registro irônico dos costumes.

Crônica-Ensaio
Apesar de ser escrita em linguagem literária; ter um espírito humorístico e valer-se, inclusive, da ficção; este tipo de crônica apresenta uma visão abertamente crítica da realidade cultural e ideológica de sua época, servindo para mostrar o que autor quer ou não quer de seu país. Aproxima-se do ensaio, do qual guarda o aspecto argumentativo. Paulo Francis e Arnaldo Jabor são dois grandes representantes desse tipo de crônica. Como exemplo, cito: Reality Show, de Marcelo Coelho.

Crônica Descritiva
Ocorre quando uma crônica explora a caracterização de seres animados e inanimados, num espaço vivo, como numa pintura.

Crônica Narrativa
Tem por base uma história (às vezes, constituída só de diálogos), que pode ser narrada tanto na 1ª quanto na 3ª pessoa do singular. Por essas características, a crônica narrativa se aproxima do conto (por vezes até confundida com ele). É uma crônica comprometida com fatos do cotidiano, isto é, fatos banais, comuns. Não raro, a crônica narrativa explora a caracterização de seres. Quando isso acontece temos a Crônica Narrativo-Descritiva.

Crônica Dissertativa
Opinião explícita, com argumentos mais “sentimentalistas” do que “racionais” (em vez de “segundo o IBGE a mortalidade infantil aumenta no Brasil”, seria “vejo mais uma vez esses pequenos seres não alimentarem sequer o corpo”). Exposto tanto na 1ª pessoa do singular quanto na do plural.

Crônica Reflexiva
Reflexões filosóficas sobre vários assuntos. Apresenta uma reflexão de alcance mais geral a partir de um fato particular.

Crônica Metafísica
Constitui-se de reflexos filosóficos sobre a vida humana.

Cada cronista é singular pelo estilo que apresenta. Portanto, a tentativa de classificar a crônica deve ser vista aqui como uma sugestão para você criar seu próprio texto.
A crônica teve um desenvolvimento específico no Brasil, não faltando historiadores literários que lhe atribuem um caráter exclusivamente nacional. Com efeito, a crônica como a entendemos, não é comum na imprensa de outros países. Por isso, entre nós, o prestígio da crônica não tem deixado de crescer. Machado de Assis, Olavo Bilac, Humberto Campos, Raquel de Queirós ou Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Rubens Braga, Paulo Mendes, Paulo Francis, Arnaldo Jabor, Érico Veríssimo e tantos outros, cultivaram-na ou cultivam-na com peculiar engenhosidade, criatividade e assiduidade.®
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17/08/2015

A Arte de Interpretar Textos





A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo assim, temos vários tipos de gêneros textuais, formas de escrita; mas a grande dificuldade encontrada pelas pessoas é a interpretação de textos. Muitos dizem que não sabem interpretar, ou que é muito difícil. Concordo. Se você tem pouca leitura, consequentemente terá pouca argumentação, pouca visão, pouco ponto de vista e um grande medo de interpretar. A interpretação é o alargamento dos horizontes. E esse alargamento acontece justamente quando há leitura. Somos fragmentos de nossos escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias, muitas vezes contadas por outros. Quantas vezes você não leu algo e pensou:"Nossa, ele disse tudo que eu penso." Com certeza, várias vezes. Temos aí a identificação de nossos pensamentos com os pensamentos dosautores, mas para que aconteça, pelo menos não tenha preguiça de pensar, refletir, formar ideias e escrever quando puder e quiser.
A prática das escolas em relação à escrita e interpretação têm mudado, mas a passos lentos, aliás como tudo que acontece na educação. Ainda temos professores em sala de aula que cortam a veia literária de seus alunos com comentários medíocres, que permitem apenas uma interpretação possível, a que vem no livro do professor com a tarja "uso do professor/venda proibida".
Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso país é uma tarefa árdua, mas acredite, valerá a pena para sua vida futura. E, mesmo, que você diga que interpretar é difícil, você exercita isso a todo momento. Exercita através de sua leitura de mundo. Você sabe, por exemplo, quando alguém lhe manda um olhar de desaprovação mesmo sem ter dito nada. Sabe, quando a menina ou o menino está a fim de você numa boate pela troca de olhares. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas, interpretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de vista. Mas, basta o(a) professor(a) dizer "Vamos agora interpretar esse texto" para que as pessoas se calem. E ninguém sabe o que calado quer...pois ao se calar você perde oportunidades valiosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo de expor suas idéias. Faça isso como um exercício diário mesmo e verá que antes que pense, o medo terá ido embora.


Vou colocar aqui algumas dicas para quando você interpretar um texto:

1.           O autor escreveu com uma intenção - tentar descobrir qual é ela é a chave.
2.           Leia todo o texto uma primeira vez de forma despreocupada - assim você verá apenas os aspectos superficiais primeiro
3.           Na segunda leitura observe os detalhes, visualize em sua mente o cenário, os personagens - Quanto mais real for a leitura na sua mente, mais fácil será para interpretar o texto.
4.           Duvide do (a) autor (a) - Leia as entrelinhas, perceba o que o(a) autor(a) te diz sem escrever no texto.
5.           Não tenha medo de opinar - Já vi em sala de aula muitos alunos terem medo de dizer o que achavam e a resposta estaria correta se tivessem dito.
6.           Visualize vários caminhos, várias opções e interpretações - Só não viaje muito na interpretação. Veja os caminhos apontados pela escrita do (a) autor (a). Apegue-se aos caminhos que lhe são mostrados.
7.           Identifique as características físicas e psicológicas dos personagens - Se um determinado personagem tem como característica ser mentiroso, por exemplo, o que ele diz no texto poderá ser mentira não é mesmo? Analisar e identificar os personagens são pontos necessário para uma boa interpretação de texto.
8.           Observe a linguagem, o tempo e espaço - A sequência dos acontecimentos, o feedback, conta muito na hora de interpretar.
9.           Analise os acontecimentos de acordo com a época do texto - É importante que você saiba ou pesquise sobre a época narrada no texto, assim, certas contradições ou estranhamentos vistos por você podem ser apenas a cultura da época sendo demonstrada.
10.        Leia quantas vezes achar que deve - Não entendeu? Leia de novo. Nem todo dia estamos concentrados e a rapidez na leitura vem com o hábito.
Bem, não digo que seguindo essas dicas você agora interpretará todo texto que ler, mas já é um caminho. E, lembre-se: O hábito da leitura auxilia automaticamente a sua maneira de interpretar.


14/08/2015

Carta da água

Carta escrita no ano 2070

Estamos no ano 2070 e acabo de completar os 50 anos, mas a minha aparência é de alguém de 85.
Tenho sérios problemas renais porque bebo pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.
Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro por  cerca de uma hora.
Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira. Agora devemos raspar a cabeça para  mantê-la limpa sem água.
 
Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDE DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais  podia terminar.
Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes a quantidade de água indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo.
 
A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água.
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas,  já  que não temos a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte.
A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com água potável em vez de salário.
Os assaltos por um galão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele uma jovem de 20 anos parece como se tivesse 40.
Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água. O oxigênio também está degradado por falta de árvores o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações.
Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos, como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações.
O governo já nos cobra pelo ar que respiramos: 137m3 por dia por habitante adulto. As pessoas que não pode pagar são retiradas das "zonas ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar, não são de boa qualidade mas pode-se respirar, a idade média é de 35 anos.
Em alguns países existem manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exército. A água é agora um tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui já não há árvores porque quase nunca chove, e quando chega a registrar-se uma precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano tem sido severamente transformadas pelos testes atômicos e da industria  contaminante do século XX. Advertiam-se que havia que cuidar o meio ambiente e  ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, a chuva, as flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o quão saudável que as pessoas eram.
 
Ela pergunta-me: "Papai, porque acabou a água?" Então, sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à geração que destruiu o meio ambiente ou simplesmente não tomamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na Terra já não será possível dentro de muito pouco tempo, porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto quando ainda podíamos fazer alguma coisa para salvar o nosso Planeta Terra!


Extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos"